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Lula quer aval de tucanos para acabar com reeleição
Presidente espera entendimento entre Serra e Aécio para então apoiar emenda
Petista acredita que possível ampliação do mandato presidencial para cinco anos criaria complicações com governadores e prefeitos
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na articulação entre tucanos
e petistas para acabar com a
reeleição, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva condicionou seu empenho público no
assunto a um acordo entre os
governadores José Serra e Aécio Neves -tucanos que administram, respectivamente, São
Paulo e Minas Gerais.
Lula avalia que deve ser da
oposição a articulação para
aprovar uma emenda constitucional que coloque fim à possibilidade de reeleição de presidente, governadores e prefeitos. Crê que assumir essa batalha lhe trará desgaste.
Em conversas reservadas, o
presidente disse aos seus articuladores políticos: "Deixem o
Serra e o Aécio se entenderem.
Então, a gente apóia".
O presidente descarta a possibilidade de disputar em 2010
outro mandato. Ele teria de seguir os passos do colega venezuelano, Hugo Chávez, que mudou a Constituição para que
não houvesse limite à possibilidade de concorrer à reeleição.
Setores da oposição temem que
Lula tenha uma recaída "chavista" no segundo mandato.
Por isso o petista deseja ficar
longe da linha de frente dos defensores do final da reeleição.
Ele já se manifestou inúmeras
vezes contra a reeleição, mas
teme que, se liderar a articulação, seja acusado de esconder
alguma intenção continuísta.
O final do instituto, porém,
interessa ao seu futuro político.
Lula, que fará 62 anos em outubro, não descarta a possibilidade de concorrer ao Planalto em
2014 ou 2015 -caso o mandato
passe para cinco anos.
Nas discussões entre petistas
e tucanos, aventou-se a possibilidade de ampliar para cinco
anos o mandato do presidente a
partir de 2010. Para Lula, essa
modificação é um complicador.
Precisaria ser debatida com governadores e prefeitos, que hoje têm mandato de quatro anos.
Com um termo presidencial
de cinco anos e a manutenção
de quatro anos para governadores e prefeitos, o país teria três
eleições a cada quatro anos.
Haveria um debate inevitável
sobre uma regra que mantivesse duas eleições a cada quatro
anos, como acontece hoje.
A reeleição foi criada em
1997, numa grande operação do
PSDB e do PFL (hoje DEM) para permitir que o então presidente Fernando Henrique pudesse concorrer em 1998.
Eleito em 1994, FHC nadava
na popularidade do real. Numa
votação que envolveu compra
de votos de deputados, a reeleição foi aprovada. O tucano negou participação no episódio.
FHC se reelegeu em 1998,
mas a crise da desvalorização
do real minou seu capital político. Ele não elegeu o sucessor.
Seu candidato à época foi Serra,
hoje um dos tucanos mais interessados em acabar com a reeleição. Para ele, essa fórmula
poderia facilitar um acordo
com Aécio sobre 2010. O mineiro poderia concorrer como seu
vice e, em 2015, teria seu apoio
para disputar o Planalto.
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