São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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Estudantes querem poder para eleger reitor

Invasão na reitoria da UnB, há 11 dias, já provocou renúncia de Timothy Mulholland, mas universitários exigem mais mudanças

Após assembléia com cerca de 800 pessoas, estudantes resolvem manter prédio invadido e pressionam por eleição paritária de reitor

JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo depois do afastamento definitivo do reitor da Universidade de Brasília, Timothy Mulholland, e de seu vice, Edgar Mamiya, ocorrido no final de semana, os estudantes decidiram ontem continuar com a invasão do prédio da reitoria, que completou 11 dias.
Em assembléia que reuniu cerca de 800 alunos, segundo eles próprios, os invasores aprovaram que a desocupação do prédio só ocorrerá depois que o conselho universitário aprovar um congresso para renovar o estatuto da instituição e a convocação de eleições paritárias para reitor, em que professores, estudantes e funcionários tenham o mesmo peso -hoje, o percentual é de 70%, 15% e 15%, respectivamente.
"Esse movimento não é do "fora, Timothy" pelo "fora" em si. Queremos derrubar essa política antidemocrática e de sucateamento", disse Catharina Lincoln, uma das líderes do movimento.
Há quem entenda, por outro lado, que um compromisso do conselho universitário em debater o congresso e a paridade seria um indicativo para que os estudantes se retirassem. "A compreensão do conselho de encaminhar esses pontos e de escolher um nome [para ocupar provisoriamente a reitoria] é um caminho significativo para a desocupação", afirmou o professor Noraí Rocco, diretor do instituto de ciências exatas.
A paridade pode esbarrar em um obstáculo legal. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) estabelece que "os docentes ocuparão 70% dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações (...) da escolha de dirigentes". Segundo o ministro Fernando Haddad (Educação), as universidades podem fazer consultas informais paritárias antes do pleito oficial, e os 70% dos professores previstos por lei acatem o nome sugerido.
Tanto a paridade quanto o congresso estatuinte foram colocados na pauta de discussão do conselho, que se reuniu durante a tarde de ontem com o objetivo de escolher um nome de consenso para comandar provisoriamente a UnB e conduzir a eleição do novo reitor.
O ministro já se comprometeu a ratificar nome indicado até as 18h de hoje. Oito nomes foram levantados no conselho para ocupar o cargo. Mas a reunião será retomada hoje.
O nome mais citado ontem foi o do ex-reitor (1989 e 1993) e professor aposentado da universidade Antônio Ibañez Ruiz. Ele foi mencionado por quatro integrantes da reunião.
Outro é o do professor de economia Décio Munhoz, citado três vezes. Segundo a Folha apurou, seu nome é o que mais agrada a Haddad. Também foram cogitados o ex-reitor da UnB e hoje senador, Cristovam Buarque, e o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence.
A carta de renúncia Timothy Mulholland foi entregue a Haddad na tarde de ontem. Mulholland justifica sua renúncia dizendo que "os acontecimentos recentes na Universidade de Brasília em muito dificultaram o funcionamento normal da instituição".
Com a invasão de todos os andares da reitoria, diversos serviços administrativos estão prejudicados, segundo a assessoria de imprensa da instituição. Entre eles, a liberação de diplomas, lançamento de editais e agendamento de bancas de defesa para pós-graduação.


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