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Estudantes querem poder para eleger reitor
Invasão na reitoria da UnB, há 11 dias, já provocou renúncia de Timothy Mulholland, mas universitários exigem mais mudanças
Após assembléia com cerca de 800 pessoas, estudantes resolvem manter prédio invadido e pressionam por eleição paritária de reitor
JOHANNA NUBLAT
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo depois do afastamento definitivo do reitor da
Universidade de Brasília, Timothy Mulholland, e de seu vice, Edgar Mamiya, ocorrido no
final de semana, os estudantes
decidiram ontem continuar
com a invasão do prédio da reitoria, que completou 11 dias.
Em assembléia que reuniu
cerca de 800 alunos, segundo
eles próprios, os invasores
aprovaram que a desocupação
do prédio só ocorrerá depois
que o conselho universitário
aprovar um congresso para renovar o estatuto da instituição
e a convocação de eleições paritárias para reitor, em que professores, estudantes e funcionários tenham o mesmo peso
-hoje, o percentual é de 70%,
15% e 15%, respectivamente.
"Esse movimento não é do
"fora, Timothy" pelo "fora" em si.
Queremos derrubar essa política antidemocrática e de sucateamento", disse Catharina
Lincoln, uma das líderes do
movimento.
Há quem entenda, por outro
lado, que um compromisso do
conselho universitário em debater o congresso e a paridade
seria um indicativo para que os
estudantes se retirassem. "A
compreensão do conselho de
encaminhar esses pontos e de
escolher um nome [para ocupar provisoriamente a reitoria]
é um caminho significativo para a desocupação", afirmou o
professor Noraí Rocco, diretor
do instituto de ciências exatas.
A paridade pode esbarrar em
um obstáculo legal. A LDB (Lei
de Diretrizes e Bases) estabelece que "os docentes ocuparão
70% dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações (...) da
escolha de dirigentes". Segundo o ministro Fernando Haddad (Educação), as universidades podem fazer consultas informais paritárias antes do
pleito oficial, e os 70% dos professores previstos por lei acatem o nome sugerido.
Tanto a paridade quanto o
congresso estatuinte foram colocados na pauta de discussão
do conselho, que se reuniu durante a tarde de ontem com o
objetivo de escolher um nome
de consenso para comandar
provisoriamente a UnB e conduzir a eleição do novo reitor.
O ministro já se comprometeu a ratificar nome indicado
até as 18h de hoje. Oito nomes
foram levantados no conselho
para ocupar o cargo. Mas a reunião será retomada hoje.
O nome mais citado ontem
foi o do ex-reitor (1989 e 1993) e
professor aposentado da universidade Antônio Ibañez Ruiz.
Ele foi mencionado por quatro
integrantes da reunião.
Outro é o do professor de
economia Décio Munhoz, citado três vezes. Segundo a Folha
apurou, seu nome é o que mais
agrada a Haddad. Também foram cogitados o ex-reitor da
UnB e hoje senador, Cristovam
Buarque, e o ex-ministro do
STF Sepúlveda Pertence.
A carta de renúncia Timothy
Mulholland foi entregue a
Haddad na tarde de ontem.
Mulholland justifica sua renúncia dizendo que "os acontecimentos recentes na Universidade de Brasília em muito dificultaram o funcionamento
normal da instituição".
Com a invasão de todos os
andares da reitoria, diversos
serviços administrativos estão
prejudicados, segundo a assessoria de imprensa da instituição. Entre eles, a liberação de
diplomas, lançamento de editais e agendamento de bancas
de defesa para pós-graduação.
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