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Verba da Câmara bancou viagens de Galisteu
Além de pagar passagens da ex-namorada, Fábio Faria usou dinheiro público para levar atores para Carnaval fora de época em Natal
Deputado do PMN-RN, que ontem devolveu R$ 21,3 mil à União, disse que emissão de bilhetes não era tarefa dele, mas de assessores
Frankie Marcone-4.dez.08/"Diário de Natal"
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O deputado federal Fábio Faria acompanha o Carnatal, em 2008
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal Fábio Faria (PMN-RN) usou dinheiro
da Câmara para levar os atores
Kayke Brito, Sthefany Brito e
Samara Felippo para passar o
Carnaval fora de época em seu
camarote em Natal, em 2007.
Ele também usou a cota de passagens aéreas a que tem direito
para pagar sete viagens para a
ex-namorada dele, a apresentadora Adriane Galisteu, entre
2007 e 2008, e uma para a mãe
dela, Emma Galisteu, para os
Estados Unidos, em janeiro do
ano passado.
Além disso, o deputado bancou viagens de outras sete pessoas ligadas ao mundo artístico
e a Galisteu, como assessores
de imprensa, e até da arquiteta
que assina a decoração de seu
camarote.
Ontem, após o site Congresso
em Foco revelar que Faria pagou tudo com dinheiro público,
o deputado devolveu, em forma
de GRU (Guia de Recolhimento
da União), R$ 21,3 mil referentes, segundo sua assessoria, às
passagens de todos os citados,
menos as de Galisteu. A justificativa é que a apresentadora
era sua companheira na época
e, portanto, ele tinha o direito
de pagar as passagens para ela.
O ato da Mesa Diretora que
disciplina o uso da cota aérea é
omisso sobre o que o deputado
pode fazer com as passagens e a
quem pode destiná-las. As cotas variam de acordo com o Estado do parlamentar, indo de
R$ 4.700 (para deputados do
Distrito Federal) a R$ 18,7 mil
(para os de Roraima). Para o
Rio Grande do Norte, Estado de
Faria, são R$ 16 mil mensais,
valor que pode ser acumulado
de mês a mês.
Oficialmente, a Câmara diz
que as passagens só podem ser
usadas para o exercício do
mandato parlamentar. A justificativa é apoiada no artigo 3 do
Ato da Mesa, que diz que perderá o direito à cota o parlamentar que se afastar de suas funções. Já viagens internacionais
têm que ser autorizadas pela
Mesa, diz a Câmara.
"Padrão normal"
O presidente da Casa, deputado Michel Temer (PMDB-SP), disse achar que a atitude de
Faria "não é um padrão normal", mas que "ele tem que devolver o dinheiro se achar que
teve irregularidade".
Mais tarde, no entanto, depois de conversar com lideranças partidárias, Temer afirmou
aos colegas que deve encaminhar o caso para ser examinado
pela corregedoria.
O entendimento é que Faria
abusou da cota ao pagar passagens para benefício próprio, já
que os atores e as demais pessoas foram ao evento em Natal
para promover o camarote do
deputado, um dos mais concorridos do Carnatal.
O deputado Odair Cunha
(PT-MG), terceiro-secretário
da Câmara e responsável pelas
passagens, disse que não vai fazer mudanças nas regras sobre
a cota de transporte aéreo. Na
última reunião da Mesa, foi decidido apenas restringir a um
assessor por deputado a emissão das passagens. As demais
regras continuaram sem alteração.
"A questão relativa à emissão
de passagens aéreas é uma atribuição administrativa com a
qual nunca lidei pessoalmente,
deixando os detalhes dessa tarefa burocrática a cargo do corpo técnico de meu gabinete",
disse o deputado Fábio Faria,
em nota divulgada ontem.
Sua assessoria também confirmou que Faria chegou a emitir passagens canceladas posteriormente para a cantora Preta
Gil e para as atrizes Priscila
Fantin e Débora Secco.
A atriz Samara Felippo disse
que não conhece o deputado e
que, se soubesse que estava
sendo bancada pela Câmara,
não teria aceitado. A assessoria
dos irmãos Kayke e Sthefany
Brito disse que as passagens foram recebidas pelo escritório
que os agenciava e que em qualquer evento de trabalho, como
é o caso do Carnatal, eles recebem passagem de graça.
(MARIA CLARA CABRAL)
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