São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Conheça quem está na disputa

da Reportagem Local da Sucursal do Rio

A disputa pelas distribuidoras da Eletropaulo envolve pesos pesados. A VBC-energia fez parte do consórcio que arrematou em novembro do ano passado a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), responsável pelo fornecimento de energia em grande parte do interior de São Paulo.
A VBC é fruto da associação de três grandes grupos empresariais brasileiros: Votorantim, Bradesco e construtora Camargo Corrêa.
Na compra da CPFL, a VBC ficou com 45,32% do lote oferecido. O restante foi adquirido por fundos de pensão. A venda da estatal na época surpreendeu pelo ágio que chegou a 70,1% em plena crise asiática. Os compradores pagaram R$ 3 bilhões pelo controle da companhia, quando o valor mínimo era de R$ 1,79 bilhão.
Por trás da desconhecida Empresa Brasileira de Distribuição Ltda, que disputará a compra do controle acionário da Metropolitana, está um dos mais agressivos conglomerados empresariais norte-americanos: a Enron Corporation, sediada em Houston.
O foco de atuação, fora dos Estados Unidos, está nos países em desenvolvimento. Um dos objetivos estratégicos da empresa é conseguir o controle das reservas de gás natural da América Latina.
A multinacional é dona de dois campos de gás na Argentina (em Neuquén e Terra do Fogo), cujas reservas superam 400 bilhões de metros cúbicos.
É a principal acionista do gasoduto Brasil-Bolívia, pelo lado boliviano. Além da distribuição de gás, tem ainda reservas do combustível na Bolívia e no Peru . A empresa atua também na exploração de petróleo, na construção de termelétricas e hidrelétricas e na distribuição de energia elétrica.
Nada desconhecida, sendo alvo de reclamações dos consumidores do Rio e multada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) por má prestação de serviços, a Light tem fôlego de sobra para concorrer ao leilão. A distribuidora, privatizada em 96, deve apresentar lances para a Metropolitana e a Bandeirantes.
Com um nível de endividamento considerado baixo (15% do patrimônio líquido) e controladores do porte da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), EDF (Elétricité de France) e das americanas Houston e AES, a empresa ainda tem a seu favor um balanço que saiu do prejuízo já no primeiro ano de gestão privada, atingindo R$ 324 milhões em 97.
O próximo balanço, relativo ao primeiro trimestre de 98, promete ser melhor. Depois de dois meses de consumo recorde de energia (janeiro e fevereiro), espera-se que o faturamento da empresa também atinja níveis recordes.
"A geração de caixa da Light é muito grande. A empresa tem todas as condições de ganhar e pode se endividar", disse Marcelo Monteiro, analista da área de energia elétrica do Banco Pactual. Para ele, a Light vai surpreender se apresentar lance para as empresas.
A Light tem 8,5% do mercado de distribuição de energia do país. Com as duas distribuidoras paulistas, extrapolaria os limites impostos pelo órgão regulador, tanto no mercado nacional, que é de 20%, quanto no regional, de 25%.
Mas a Aneel dá um prazo de dois anos para as empresas que ultrapassarem esses limites se enquadrarem. Para fontes ligadas à Light, é um bom tempo.



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