São Paulo, quarta, 15 de abril de 1998

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Naya tenta evitar votação de cassação

da Sucursal de Brasília

O deputado Sérgio Naya (sem partido-MG) recorreu ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar evitar a votação do pedido de cassação de seu mandato, marcada para hoje na Câmara.
O advogado de Naya, Daniel Azevedo, pediu que o Supremo determine à Câmara que obedeça à ordem cronológica dos pedidos de cassação. Com isso, a votação do processo de Naya só entraria em pauta depois de julgados Pedrinho Abrão (PTB-GO), outros três deputados e uma suplente.
Até ontem à noite, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), estava decidido a manter o julgamento, apesar de líderes partidários contarem com a possibilidade de poucos deputados comparecerem à sessão.
O baixo quórum favorece a absolvição de Naya. Para cassá-lo são necessários 257 votos dentre 513 deputados. Temer pretende iniciar a votação do pedido de cassação quando houver 440 deputados.
Os parlamentares consideram o resultado de hoje imprevisível. "Em ano eleitoral, a absolvição de Naya será a condenação do parlamento", afirmou o deputado José Genoino (PT-SP).
Naya tem telefonado para deputados, enviado correspondência com sua defesa e conversado com os mais próximos. Ele tem contado com a ajuda de uma tropa de choque silenciosa. Seus aliados procuram não se expor.
Deputados que pediram para não ser identificados dizem que muitos parlamentares devem favores a Naya -empréstimo de dinheiro e apartamentos, compra de remédios e equipamentos no exterior- e estão sendo cobrados.
Naya é acusado de ferir o decoro parlamentar ao fazer afirmações de prática de falsidade ideológica. Ele também é dono da construtora Sersan, responsável pelo condomínio Palace 2, que desabou no Rio. Um grupo de dez ex-moradores e parentes de vítimas do desabamento fez ontem uma manifestação pela cassação de Naya.
Cabos eleitorais, amigos e correligionários de Naya em Minas viajaram ontem a Brasília para tentar pressionar o Congresso em favor do deputado. Segundo o vereador João Victor Mendonça (PPB), as despesas da viagem serão pagas por um amigo de Naya.


Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte


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