São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Presidente diz que não há razão para inquietação no mercado

FHC critica "nervosismos" e pede a votação da CPMF

WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em pronunciamento, que não vê razões para "nervosismos antes da hora" por parte do mercado financeiro, já que os principais pré-candidatos à Presidência da República "têm sido muito coerentes, têm tido uma posição de responsabilidade".
O tom do discurso é diferente do usado pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que atribuíram o nervosismo do mercado à falta de coerência do debate eleitoral.
O presidente pôs nas mãos do PFL e dos partidos de oposição a possibilidade de redução dos cortes ao Orçamento anunciados ontem pelo ministro Pedro Malan devido ao atraso na votação da prorrogação da CPMF, o imposto do cheque.
"Não havendo bloqueio à CPMF, não haverá bloqueio também ao Orçamento", disse.
O presidente não reconheceu que o atraso na votação resultou em grande parte da desarticulação de sua base parlamentar, além de medidas provisórias editadas por ele, que trancaram a pauta da Câmara.
FHC optou por fazer um pronunciamento em razão da viagem de uma semana que fará à Europa, e que tem início hoje. Ele transmite, pela manhã, o cargo ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello.
Integram a comitiva de FHC os presidentes da Câmara e do Senado, Aécio Neves (PSDB-MG) e Ramez Tebet (PMDB-MS).
O presidente afirmou que, antes de viajar, queria deixar uma mensagem direta, simples e curta ao país. O pronunciamento durou sete minutos.
"Eu tenho notado nas últimas semanas e acentuadamente na última semana um certo nervosismo nos mercados financeiros e muita especulação. Nervosismo que não se compagina [não tem ligação] com o que está acontecendo no Brasil", disse.
Ele afirmou seu compromisso com o ajuste das contas públicas. "Não ia ser agora, que estou no último ano do meu mandato, que eu iria descuidar do equilíbrio fiscal. Seria não me conhecer, não conhecer o governo, a equipe que vem governando comigo, imaginar que nós fôssemos capazes de deixar por qualquer motivo que houvesse frouxidão nas contas públicas", afirmou FHC.
Segundo ele, esse controle implica que, diante da inexistência de recursos orçamentários, haja um bloqueio do Orçamento -"bloqueio que pode ser temporário, pode ser total, pode ser parcial". "Então eu renovo o meu apelo e tenho certeza de que serei atendido", afirmou.
O presidente disse que não vê razão para que o PFL e os partidos de oposição não apóiem a rápida prorrogação da CPMF no Senado. O PFL, por ter apoiado a prorrogação na Câmara, e a oposição, por não ser contrária a essa contribuição.
Por fim, o presidente FHC afirmou que acompanha "os pronunciamentos dos líderes políticos brasileiros, sobretudo dos candidatos mais expressivos, e eles todos têm sido muito coerentes, têm tido uma posição de responsabilidade".
"Portanto eu não vejo nenhuma razão para que se montem especulações em torno de declarações de A, de B ou de C ou da falta de declarações, porque eu tenho a convicção de que o Brasil quer um caminho e esse caminho é o do equilíbrio fiscal, é o do atendimento das questões sociais, e portanto eu tenho a convicção íntima de que não há razão para que nós estejamos aí com nervosismos antes da hora."



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