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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Presidente diz que não há razão para inquietação no mercado
FHC critica "nervosismos" e pede a votação da CPMF
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em
pronunciamento, que não vê razões para "nervosismos antes da
hora" por parte do mercado financeiro, já que os principais pré-candidatos à Presidência da República "têm sido muito coerentes, têm tido uma posição de responsabilidade".
O tom do discurso é diferente
do usado pelo ministro Pedro
Malan (Fazenda) e pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que atribuíram o nervosismo
do mercado à falta de coerência
do debate eleitoral.
O presidente pôs nas mãos do
PFL e dos partidos de oposição a
possibilidade de redução dos cortes ao Orçamento anunciados ontem pelo ministro Pedro Malan
devido ao atraso na votação da
prorrogação da CPMF, o imposto
do cheque.
"Não havendo bloqueio à
CPMF, não haverá bloqueio também ao Orçamento", disse.
O presidente não reconheceu
que o atraso na votação resultou
em grande parte da desarticulação de sua base parlamentar, além
de medidas provisórias editadas
por ele, que trancaram a pauta da
Câmara.
FHC optou por fazer um pronunciamento em razão da viagem
de uma semana que fará à Europa, e que tem início hoje. Ele
transmite, pela manhã, o cargo ao
presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Marco
Aurélio de Mello.
Integram a comitiva de FHC os
presidentes da Câmara e do Senado, Aécio Neves (PSDB-MG) e
Ramez Tebet (PMDB-MS).
O presidente afirmou que, antes
de viajar, queria deixar uma mensagem direta, simples e curta ao
país. O pronunciamento durou
sete minutos.
"Eu tenho notado nas últimas
semanas e acentuadamente na última semana um certo nervosismo nos mercados financeiros e
muita especulação. Nervosismo
que não se compagina [não tem
ligação] com o que está acontecendo no Brasil", disse.
Ele afirmou seu compromisso
com o ajuste das contas públicas.
"Não ia ser agora, que estou no último ano do meu mandato, que
eu iria descuidar do equilíbrio fiscal. Seria não me conhecer, não
conhecer o governo, a equipe que
vem governando comigo, imaginar que nós fôssemos capazes de
deixar por qualquer motivo que
houvesse frouxidão nas contas
públicas", afirmou FHC.
Segundo ele, esse controle implica que, diante da inexistência
de recursos orçamentários, haja
um bloqueio do Orçamento
-"bloqueio que pode ser temporário, pode ser total, pode ser parcial". "Então eu renovo o meu
apelo e tenho certeza de que serei
atendido", afirmou.
O presidente disse que não vê
razão para que o PFL e os partidos
de oposição não apóiem a rápida
prorrogação da CPMF no Senado.
O PFL, por ter apoiado a prorrogação na Câmara, e a oposição,
por não ser contrária a essa contribuição.
Por fim, o presidente FHC afirmou que acompanha "os pronunciamentos dos líderes políticos brasileiros, sobretudo dos
candidatos mais expressivos, e
eles todos têm sido muito coerentes, têm tido uma posição de responsabilidade".
"Portanto eu não vejo nenhuma
razão para que se montem especulações em torno de declarações
de A, de B ou de C ou da falta de
declarações, porque eu tenho a
convicção de que o Brasil quer um
caminho e esse caminho é o do
equilíbrio fiscal, é o do atendimento das questões sociais, e portanto eu tenho a convicção íntima
de que não há razão para que nós
estejamos aí com nervosismos
antes da hora."
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