São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Sob controle

No começo da tarde de sábado, a Record, sempre a mais atenta à violência, já jogou no ar um longo especial sobre a "guerra urbana".
Mais à noite, na escalada do "Jornal da Record", "a população está com medo, e os especialistas criticam a política de segurança".
Por fim, no "Domingo Espetacular", entrevistou ao vivo um major da Polícia Militar, que criticou aos brados a política estadual, e um desembargador, que defendeu.
Uma de várias perguntas do mesmo tipo, do âncora Paulo Henrique Amorim:
- Estamos falando de 52 mortes. No Iraque, 32. A culpa é do governador?
 
Em oposição, o "JN" de sábado se concentrou na encenação de "controle" do governador Cláudio Lembo.
De crítica à política de segurança, nada. Ontem, início da noite, o apresentador Pedro Bial entrou no "Domingão do Faustão" e foi além:
- Domingo de violência em três Estados, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
De uma hora para outra, nacionalizaram o que era "o mais violento ataque à polícia paulista", descrição feita pela Record, não pela Globo.
Até a oferta das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança foi nacionalizada -seria a "todos os Estados".
Para contraste, o registro da Folha Online para os dois outros Estados era:
- Presos de PR e MS fazem rebeliões "solidárias" ao PCC.
 
A coisa avançou no "Fantástico". Alckmin falou, afinal, mas a locução abriu:
- Pré-candidatos à Presidência comentaram os últimos ataques. Para eles, a ação criminosa nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná confirma que a segurança deve ser tratada como uma questão nacional e não de um ou outro Estado.
Falaram Cristóvam Buarque e depois Roberto Freire, que se diz candidato:
- Não cabe discutir quem é o responsável por isso, se a União, se os Estados.
Por fim, Alckmin, como pré-candidato e não governador até dois meses atrás:
- Não pode retroceder, tem que sufocar essas organizações. E o governo brasileiro tem que colocar como prioridade o enfrentamento do crime.


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O MAIS SANGRENTO


Os ataques em São Paulo no sinal inglês da BBC e no sinal americano do canal de notícias da CNN

Na transmissão inglesa da BBC, do correspondente em São Paulo, ao vivo:
- A polícia se deu as mãos para uma nova noite de violência e ela veio. Mais uma vez, os agressores usaram granadas e metralhadoras, escolhendo alvos em São Paulo e no interior. É a maior onda de violência organizada na história de São Paulo.
A CNN americana foi na mesma linha, ao vivo com um colaborador, de São Paulo.
 
Nos sites de jornais pelo mundo, não foi diferente. Eram enunciados como "O mais sangrento ataque na história na maior cidade do Brasil", na home page do americano "Wall Street Journal", ou "A polícia de São Paulo é vítima de ataque violento do crime organizado", na do francês "Le Monde".
Do americano NYT.com ao argentino LaNacion.com, por todo lado o assunto ocupou as páginas iniciais. Os mais atentos adiantaram o assunto já em suas edições impressas de domingo, como "Washington Post" ou o espanhol "El País".

Proveito
Nos sites noticiosos, as opiniões custaram a aparecer e se concentraram nos eventuais efeitos eleitorais dos ataques. Gilberto Dimenstein, ontem na Folha Online:
- Lula está usando a tragédia como palanque eleitoral... Ao invés de tentar tirar proveito eleitoral, partidos [e outros] devem se perfilar.
De Jorge Bastos Moreno, no Globo Online:
- Se começarem a usar eleitoralmente este momento delicado, irei para as ruas defender o voto nulo.

Ninguém
Na blogosfera lulista, pelo contrário, muita ironia -como na mensagem postada por Nelson R. Perez, ontem à tarde no Bué de Bocas:
- Você pode procurar: ninguém, nenhum blogueiro, político, ninguém se apresentou... Busquei uma análise. Nenhuma marola. Todo o empenho dos críticos e especialistas em descobrir culpados de maneira instantânea não funcionou neste fim de semana.


@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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