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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/OPOSIÇÃO
Segundo Mercadante, ministro da Casa Civil se pronunciará sobre denúncias de Jefferson
Oposicionistas exigem que Dirceu explique acusações
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma das conseqüências imediatas do depoimento do presidente do PTB, deputado Roberto
Jefferson (RJ), foi a cobrança de
explicações do ministro José Dirceu (Casa Civil) por parte de senadores governistas e da oposição.
Ele foi um dos principais focos de
ataque do petebista.
"O José Dirceu se pronunciará
sobre esse episódio seguramente", disse o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Ele ligou para o ministro no fim
da tarde para esclarecer boatos de
que ele teria deixado a Casa Civil.
Além de negar sua saída do cargo,
Dirceu disse a Mercadante que ficou "indignado" com as acusações de Jefferson. "O ministro José Dirceu deve pegar o escudo e
vir para a luta, sem evasivas", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
O líder do PFL, senador José
Agripino (RN), disse que Dirceu
deveria tomar a iniciativa de se
explicar, mas que, de qualquer
forma, ele será convocado para
depor na CPI dos Correios. "Botaram a crise sentada dentro do Palácio do Planalto", disse Agripino.
Pistas futuras
A oposição também avalia que o
depoimento deu vários caminhos
que os deputados pretendem explorar na CPI dos Correios, como
o fato de o dinheiro do PT ter sido
entregue ao PTB, segundo Jefferson, em notas que seriam do Banco Rural e do Banco do Brasil.
Enquanto acompanhava o depoimento pela TV, um líder partidário da base aliada concordava
com Jefferson quando ele dizia
que Dirceu "não tem palavra",
por não cumprir acordos feitos.
Também houve identificação
quando o deputado disse que não
tinha acesso ao presidente Lula
porque havia "um cordão de isolamento" em torno dele.
O Senado parou no início da
tarde para acompanhar o depoimento de Jefferson.
Os governistas ficaram aliviados com o fato de Jefferson não
ter apresentado provas de suas
denúncias. "Ele não apresentou
provas, fez ilações e levantou suspeitas. Mesmo assim tudo tem de
ser investigado e nos parece que
as acusações não têm fundamento", disse o líder do governo.
Mesmo sem provas, a oposição
considerou forte o testemunho de
Jefferson. "O depoimento foi arrasador", disse José Jorge (PFL-PE). "Ele reafirmou tudo o que
disse, mas não avançou, embora
tenha desafiado José Dirceu", disse Jefferson Péres (PDT-AM).
Os governistas tentaram minimizar as declarações do petebista.
"O que determina o processo é a
consistência dos fatos", disse
Mercadante. Além dos ataques
feitos por Jefferson chamou a
atenção do senador o discurso
político feito por Jefferson na tentativa, segundo o petista, de impedir a cassação de seu mandato.
"Ele preservou muito a figura de
Lula e tentou preservar os parlamentares de muitas bancadas,
com exceção do PP e do PL, o que
me pareceu estratégico de quem
tenta construir uma maioria para
disputar no voto a defesa de seu
mandato", disse o senador.
CPI do "Mensalão"
A CPI do "Mensalão" pode se
concretizar na próxima semana.
Ontem PPS, PV e PDT protocolaram o requerimento pedindo a
investigação do suposto pagamento de mesada. O presidente
do Senado, Renan Calheiros, disse que o pedido preenche os requisitos regimentais e prometeu
estimular a instalação da CPI.
Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal
de Brasília
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