São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/OPOSIÇÃO

Segundo Mercadante, ministro da Casa Civil se pronunciará sobre denúncias de Jefferson

Oposicionistas exigem que Dirceu explique acusações

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das conseqüências imediatas do depoimento do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), foi a cobrança de explicações do ministro José Dirceu (Casa Civil) por parte de senadores governistas e da oposição. Ele foi um dos principais focos de ataque do petebista.
"O José Dirceu se pronunciará sobre esse episódio seguramente", disse o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Ele ligou para o ministro no fim da tarde para esclarecer boatos de que ele teria deixado a Casa Civil. Além de negar sua saída do cargo, Dirceu disse a Mercadante que ficou "indignado" com as acusações de Jefferson. "O ministro José Dirceu deve pegar o escudo e vir para a luta, sem evasivas", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
O líder do PFL, senador José Agripino (RN), disse que Dirceu deveria tomar a iniciativa de se explicar, mas que, de qualquer forma, ele será convocado para depor na CPI dos Correios. "Botaram a crise sentada dentro do Palácio do Planalto", disse Agripino.

Pistas futuras
A oposição também avalia que o depoimento deu vários caminhos que os deputados pretendem explorar na CPI dos Correios, como o fato de o dinheiro do PT ter sido entregue ao PTB, segundo Jefferson, em notas que seriam do Banco Rural e do Banco do Brasil.
Enquanto acompanhava o depoimento pela TV, um líder partidário da base aliada concordava com Jefferson quando ele dizia que Dirceu "não tem palavra", por não cumprir acordos feitos. Também houve identificação quando o deputado disse que não tinha acesso ao presidente Lula porque havia "um cordão de isolamento" em torno dele.
O Senado parou no início da tarde para acompanhar o depoimento de Jefferson.
Os governistas ficaram aliviados com o fato de Jefferson não ter apresentado provas de suas denúncias. "Ele não apresentou provas, fez ilações e levantou suspeitas. Mesmo assim tudo tem de ser investigado e nos parece que as acusações não têm fundamento", disse o líder do governo.
Mesmo sem provas, a oposição considerou forte o testemunho de Jefferson. "O depoimento foi arrasador", disse José Jorge (PFL-PE). "Ele reafirmou tudo o que disse, mas não avançou, embora tenha desafiado José Dirceu", disse Jefferson Péres (PDT-AM).
Os governistas tentaram minimizar as declarações do petebista. "O que determina o processo é a consistência dos fatos", disse Mercadante. Além dos ataques feitos por Jefferson chamou a atenção do senador o discurso político feito por Jefferson na tentativa, segundo o petista, de impedir a cassação de seu mandato.
"Ele preservou muito a figura de Lula e tentou preservar os parlamentares de muitas bancadas, com exceção do PP e do PL, o que me pareceu estratégico de quem tenta construir uma maioria para disputar no voto a defesa de seu mandato", disse o senador.

CPI do "Mensalão"
A CPI do "Mensalão" pode se concretizar na próxima semana. Ontem PPS, PV e PDT protocolaram o requerimento pedindo a investigação do suposto pagamento de mesada. O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que o pedido preenche os requisitos regimentais e prometeu estimular a instalação da CPI.


Colaborou LEILA SUWWAN, da Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Valério move processo contra ex-secretária
Próximo Texto: Delcídio desiste de cargo em CPI "chapa-branca"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.