São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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Delcídio desiste de cargo em CPI "chapa-branca"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia do governo de tentar controlar os trabalhos da CPI dos Correios, elegendo o presidente e o relator da comissão parlamentar de inquérito, sofreu um baque ontem com a desistência do líder do PT, senador Delcídio Amaral (MS), de disputar uma dessas vagas. A sessão da CPI para escolher os ocupantes desses postos-chave foi adiada para hoje.
"Tive restrição em presidir uma CPI considerada chapa-branca", afirmou Delcídio, usando argumento da oposição, que tem direito, pela tradição do Congresso, à presidência ou à relatoria.
A intenção do governo era eleger o líder do PT no Senado para presidente da CPI e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a relatoria, mas ficou sem rumo ontem após a decisão de Delcídio.
O líder do PT bateu o martelo no fim da tarde de ontem, após depoimento do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), no Conselho de Ética da Câmara. Apesar de não ter mostrado provas, o testemunho foi considerado forte por governo e oposição.
O propósito do governo de disputar no voto os postos-chave da CPI piorou ainda mais o clima no Congresso. "Os nervos estão muito acirrados, temos que ter equilíbrio", afirmou Delcídio.
Involuntariamente, o líder do PT abriu caminho para acordo com PFL e PSDB. A oposição manteve a indicação do senador César Borges (PFL-BA). Governo tentava substituí-lo pelo senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA).
A indicação de um nome mais moderado por parte do PFL e do PSDB era a condição imposta pelo governo para respeitar a praxe segundo a qual as maiores bancadas da Câmara e do Senado ocupam a presidência e a relatoria.
O governo tem maioria na CPI -19 dos 32 membros-, mas teme traições, pois o voto é secreto. "O governo vive de ódios em sua base", disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), apostando na traição de governistas.


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