São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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Empresário diz ser mentor de gravação

GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O empresário Arthur Washeck afirmou ontem que ele foi o único mentor da gravação que revelou um suposto esquema de corrupção nos Correios. A motivação seria comercial. Disse que fez isso porque estaria sendo prejudicado e queria derrubar do cargo Maurício Marinho, então chefe de departamento da estatal, flagrado na fita recebendo R$ 3.000.
Para a Polícia Federal, a autoria e a motivação da fita estão esclarecidas. Washeck depôs ontem na PF, mas não foi indiciado. Na saída, só fez um relato e não respondeu às perguntas dos repórteres.
"Difícil para mim ter feito isso. Nunca tinha feito isso na minha vida, mas estava sendo perseguido", disse, sem dar detalhes.
Ele negou que a gravação tenha sido motivada por uma multa que a sua empresa sofrera dos Correios por não ter cumprido contrato. "A multa foi paga em 2002."
Para o delegado da PF Luiz Flávio Zampronha, não há dúvidas sobre a autoria e a motivação da gravação, feita em abril. "Agora a investigação vai se concentrar na existência ou não de corrupção."
Segundo Zampronha, Washeck disse que não pretendia implodir um esquema de corrupção, só queria tirar Marinho do cargo.
À PF, o empresário disse que foi o único mentor da gravação. Ele afirmou que convidou o consultor de marketing Joel Santos Filho para fazer as imagens. Washeck também disse que encaminhou a fita logo depois a Antonio Osório Menezes Batista, então diretor de Administração dos Correios. Ele não sabe se Batista a recebeu.
A assessoria dos Correios disse ontem que não poderia confirmar o recebimento da gravação, o que teria de ser feito o próprio Batista.
Ontem, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em dois imóveis no Rio de Marcus Vinicius Vasconcelos Ferreira, genro do deputado federal Roberto Jefferson (RJ).
Segundo Zampronha, a ação foi feita pela PF e pelo Ministério Público Federal. A fita indica que Ferreira é um dos contatos de Marinho no PTB. O delegado disse que a PF convocará o deputado a prestar informações, pois pode ajudar a esclarecer envolvimento de outras pessoas. Como tem foro privilegiado, Jefferson não é obrigado a comparecer.


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