São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Chega

- Chega, vou vomitar.
Era um blogueiro, à noite, ao desistir de acompanhar Roberto Jefferson.
O depoimento foi mostrado ao vivo por Band, Record, Rede TV!, Gazeta e Cultura. Globo e SBT fizeram entradas.
Globo News, Band News, TV Câmara e rádios transmitiram por longas sete horas, inclusive perguntas e respostas.
 
De início, nos sites noticiosos, a manchete era quase a mesma, "Não tenho provas". Mas não demorou e outro enunciado se fixou, nos sites Folha Online, Globo Online e outros:
- Dirceu pode transformar Lula em réu, diz Jefferson.
Numa das entradas na Globo, no final da tarde, Fátima Bernardes saiu destacando:
- O deputado contou como Lula ficou sabendo do "mensalão". Vamos ao momento.
E tome Jefferson falando de "um inocente, um homem de bem, um homem honrado", em suma, Lula, "traído por um cordão de isolamento".
Mas, de novo, Lula sabia.
 
Daí a escalada de manchetes no "Jornal Nacional":
- Jefferson depõe e reafirma que PT pagou "mensalão" para PL e PP. Volta a dizer que denunciou o esquema a ministros e ao presidente Lula.
E no "Jornal da Band":
- Jefferson não apresenta provas, mas confirma denúncia e sugere saída de Dirceu para preservar o presidente.
E no "Jornal da Record":
- Jefferson diz que Dirceu pode transformar Lula em réu.
 
Sobrou para a mídia.
Com "O Globo" e "Época" chamados de "imprensa oficial", o "JN" respondeu pela voz de Fátima Bernardes:
- As Organizações Globo entendem que "O Globo" e "Época" cumpriram apenas com a sua missão de informar. Será sempre assim. Como o deputado pôde constatar, nas Organizações Globo ninguém segura informação nenhuma. Aqui, para que alguma coisa seja noticiada, basta ser verdade.
 
E tem mais mídia.
Os blogs já tratavam do novo personagem, minutos antes do depoimento, trombeteando que "a "IstoÉ Dinheiro" tem entrevista com secretária do publicitário acusado por Jefferson".
Este até citou a entrevista no depoimento e, sem demora, ela entrou no site da revista. Da secretária, segundo o site:
- Vi malas de dinheiro. Às vezes, mandavam tirar R$ 1 milhão, no Banco Rural.
Também de imediato, o site da revista "Veja" entrou dizendo "quem é a secretária".
Ela é "processada por tentativa de extorsão". Segundo outra funcionária, "a secretária disse ter recebido telefonemas de jornalista que ofereceu dinheiro". Para a "Veja", "a entrevista da "IstoÉ Dinheiro" foi feita em novembro" e "é um mistério o motivo que levou a revista a guardar por sete meses".
 
Como desabafou o blogueiro, "chega".

OS PODRES

marcelotas.blog.uol.com.br/Reprodução
No Blog do Tas, "Não se deprima, Mr. Presidente"

Desta vez, foram três os sites com "live blogging" de Jefferson. No coletivo Insanus, o blog A Nova Corja entrou, ao longo da tarde e noite:
- É preciso levar em conta que é um advogado mais que esperto. Mesmo assim, a convicção com que Jefferson diz o que diz é assustadora... Dá a real sobre todo o funcionamento da política... Vai acabar o país... Chega, vou vomitar.
No Blog do Colunista, de Ricardo Noblat:
- Notas com etiquetas de bancos... Jefferson expõe os podres da política... Eles que se preparem. Deputado não poderá mais desfilar por aí incólume.
E no blog de Jorge Bastos Moreno, no Globo Online:
- Por enquanto teatro, blablablá... Deixou pro final, citou nomes, insinuando que recebiam o "mensalão"... Fica a constatação de que o Congresso, os partidos e a política em geral sairam perdendo. Um jogo feio, sujo, triste e que não dá esperanças ao povo.
 
Por fim, do blog de Luiz Carlos Bresser-Pereira:
- Não apresentou provas nem era esse seu papel, mas foi convincente. Com indiscutível coragem, rompeu as "regras do jogo", mas antes quem as rompeu de forma brutal foram os atores desta triste farsa.

Sal
Os sites de "Financial Times" e "El País" adiantaram à noite os textos de seus correspondentes sobre o depoimento de ontem. O título do "FT":
- Os mercados brasileiros se recuperam após inquirição no Congresso.
E o do "El País":
- Caso de corrupção salpica o "número 2" de Lula.

Espalhou
E o "New York Times" voltou ao tema com Larry Rohter, em texto anterior ao depoimento, sob o título "Partido no poder no Brasil sabia de suborno de votos, diz parlamentar".
Segundo o correspondente, o "escândalo comum se espalhou em uma crise muito maior".

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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