|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Chega
- Chega, vou vomitar.
Era um blogueiro, à
noite, ao desistir de acompanhar Roberto Jefferson.
O depoimento foi mostrado
ao vivo por Band, Record, Rede
TV!, Gazeta e Cultura. Globo e
SBT fizeram entradas.
Globo News, Band News, TV
Câmara e rádios transmitiram
por longas sete horas, inclusive
perguntas e respostas.
De início, nos sites noticiosos,
a manchete era quase a mesma,
"Não tenho provas". Mas não
demorou e outro enunciado se
fixou, nos sites Folha Online,
Globo Online e outros:
- Dirceu pode transformar
Lula em réu, diz Jefferson.
Numa das entradas na Globo,
no final da tarde, Fátima Bernardes saiu destacando:
- O deputado contou como
Lula ficou sabendo do "mensalão". Vamos ao momento.
E tome Jefferson falando de
"um inocente, um homem de
bem, um homem honrado", em
suma, Lula, "traído por um cordão de isolamento".
Mas, de novo, Lula sabia.
Daí a escalada de manchetes
no "Jornal Nacional":
- Jefferson depõe e reafirma
que PT pagou "mensalão" para
PL e PP. Volta a dizer que denunciou o esquema a ministros
e ao presidente Lula.
E no "Jornal da Band":
- Jefferson não apresenta
provas, mas confirma denúncia
e sugere saída de Dirceu para
preservar o presidente.
E no "Jornal da Record":
- Jefferson diz que Dirceu
pode transformar Lula em réu.
Sobrou para a mídia.
Com "O Globo" e "Época"
chamados de "imprensa oficial", o "JN" respondeu pela voz
de Fátima Bernardes:
- As Organizações Globo entendem que "O Globo" e "Época" cumpriram apenas com a
sua missão de informar. Será
sempre assim. Como o deputado pôde constatar, nas Organizações Globo ninguém segura
informação nenhuma. Aqui, para que alguma coisa seja noticiada, basta ser verdade.
E tem mais mídia.
Os blogs já tratavam do novo
personagem, minutos antes do
depoimento, trombeteando que
"a "IstoÉ Dinheiro" tem entrevista com secretária do publicitário
acusado por Jefferson".
Este até citou a entrevista no
depoimento e, sem demora, ela
entrou no site da revista. Da secretária, segundo o site:
- Vi malas de dinheiro. Às
vezes, mandavam tirar R$ 1 milhão, no Banco Rural.
Também de imediato, o site da
revista "Veja" entrou dizendo
"quem é a secretária".
Ela é "processada por tentativa de extorsão". Segundo outra
funcionária, "a secretária disse
ter recebido telefonemas de jornalista que ofereceu dinheiro".
Para a "Veja", "a entrevista da
"IstoÉ Dinheiro" foi feita em novembro" e "é um mistério o motivo que levou a revista a guardar por sete meses".
Como desabafou o blogueiro,
"chega".
OS PODRES
marcelotas.blog.uol.com.br/Reprodução
|
No Blog do Tas, "Não se deprima, Mr. Presidente" |
Desta vez, foram três os
sites com "live blogging"
de Jefferson. No coletivo
Insanus, o blog A Nova
Corja entrou, ao longo da
tarde e noite:
- É preciso levar em
conta que é um advogado
mais que esperto. Mesmo
assim, a convicção com
que Jefferson diz o que diz
é assustadora... Dá a real sobre todo o funcionamento da
política... Vai acabar o país... Chega, vou vomitar.
No Blog do Colunista, de Ricardo Noblat:
- Notas com etiquetas de bancos... Jefferson expõe os
podres da política... Eles que se preparem. Deputado não
poderá mais desfilar por aí incólume.
E no blog de Jorge Bastos Moreno, no Globo Online:
- Por enquanto teatro, blablablá... Deixou pro final,
citou nomes, insinuando que recebiam o "mensalão"...
Fica a constatação de que o Congresso, os partidos e a
política em geral sairam perdendo. Um jogo feio, sujo,
triste e que não dá esperanças ao povo.
Por fim, do blog de Luiz Carlos Bresser-Pereira:
- Não apresentou provas nem era esse seu papel, mas
foi convincente. Com indiscutível coragem, rompeu as
"regras do jogo", mas antes quem as rompeu de forma
brutal foram os atores desta triste farsa.
Sal
Os sites de "Financial Times" e
"El País" adiantaram à noite os
textos de seus correspondentes
sobre o depoimento de ontem.
O título do "FT":
- Os mercados brasileiros se
recuperam após inquirição no
Congresso.
E o do "El País":
- Caso de corrupção salpica o
"número 2" de Lula.
Espalhou
E o "New York Times" voltou
ao tema com Larry Rohter, em
texto anterior ao depoimento,
sob o título "Partido no poder
no Brasil sabia de suborno de
votos, diz parlamentar".
Segundo o correspondente, o
"escândalo comum se espalhou
em uma crise muito maior".
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
Texto Anterior: Fita era para tirar Marinho do cargo, afirma consultor Próximo Texto: Serra pede adiamento de CPI do "mensalão" de SP Índice
|