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ORÇAMENTO
Tribunal aprova contas do presidente, mas critica carga tributária
TCU analisa 118 ações de Lula
e considera 63 insatisfatórias
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Estudo do TCU (Tribunal de
Contas da União) aponta que, de
118 programas federais analisados, mais da metade -63 deles-
teve desempenho considerado insatisfatório. O tribunal aprovou
ontem, com 30 ressalvas, as contas de 2004 do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Foram considerados insatisfatórios os programas que receberam menos de 75% dos recursos
previstos no Orçamento e apresentaram resultados abaixo de
60% do previsto. Todos eles se encaixaram no último critério.
O objetivo do TCU era avaliar,
segundo determinação da Lei de
Diretrizes Orçamentárias, os 379
programas do Plano Plurianual
2004-2007, que estabelece o planejamento estratégico federal.
Nada menos que 261 programas,
porém, não foram analisados por
falta de informações confiáveis.
O ministro Benjamin Zymler,
relator das contas do governo, criticou a decisão de excluir a análise
dos programas pelo TCU na LDO
de 2005. "É típica [do Brasil] essa
descontinuidade de ações", disse.
Dos programas considerados
insatisfatórios, 25 continham
ações apontadas como prioritárias pelo governo, nas áreas de infra-estrutura, saúde, educação e
direitos humanos. Programas como o de assistência suplementar à
saúde e combate à exploração tiveram execução de verbas superior a 90% do total previsto no Orçamento. A execução física (resultados obtidos), no entanto, ficou
abaixo de 35% nos três exemplos.
Em programas descartados do
estudo, o TCU detectou discrepâncias nos dados oficiais. O
"Brasil Escolarizado", por exemplo, apresentava execução física
de 1.594%. "Os resultados não devem ser considerados isoladamente, em razão da fragilidade da
análise efetuada em cumprimento à determinação contida na
LDO-2004. Fragilidade essa que
decorre, principalmente, da baixa
confiabilidade dos dados nos
quais se baseou", diz o relatório.
"Sucesso relativo"
A avaliação do TCU das contas
federais do ano passado, centrada
no cumprimento das determinações legais, constatou que o governo obteve sucesso em seu
principal objetivo: o superávit
primário (economia de receitas
para abater a dívida pública). "Esse é um sucesso relativo, não absoluto", disse Zymler.
Segundo ele, o superávit só foi
obtido graças a medidas questionáveis juridicamente, como o bloqueio de R$ 9,8 bilhões em recursos da Cide -contribuição sobre
a venda de combustíveis que, segundo entendimento no TCU,
deveria ser aplicada em infra-estrutura e outros programas.
Embora a aprovação das contas
tenha sido unânime, ministros do
TCU criticaram a obtenção de superávits por meio dos cortes em
investimentos em infra-estrutura.
A carga tributária, calculada em
35,7% do Produto Interno Bruto,
foi considerada excessiva.
Em uma das ressalvas, o TCU
considera que o governo não
cumpriu aplicação mínima de
30% dos recursos da educação no
combate ao analfabetismo -segundo o tribunal, foram 25,2%.
As contas do governo ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso. O Ministério do Planejamento não comentou.
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