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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Tarso propõe mudar Lei de Responsabilidade Fiscal
Ministro sugere incluir na legislação "patamares aceitáveis" de crescimento e inflação
Coordenador político do governo se reuniu com líder do PSDB na Câmara em busca de acordo para votar agenda mínima de reformas
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O coordenador político do
governo, ministro Tarso Genro,
sugeriu ontem mudança na Lei
de Responsabilidade Fiscal
(LRF), para que nela sejam incluídos "patamares aceitáveis"
de crescimento econômico e
inflação. As metas seriam definidas em acordo com a oposição, segundo ele.
A idéia veio no bojo de um
aceno mais amplo aos partidos
que sustentam a candidatura
de Geraldo Alckmin (PSDB) à
Presidência, após visita do ministro ao líder tucano na Câmara, Jutahy Junior (BA). Tarso
repetiu que quer uma "agenda
mínima" com a oposição.
"Será que não poderíamos
introduzir algum tipo de dispositivo na Lei de Responsabilidade Fiscal que pudesse orientar a combinação de patamares
mínimos de crescimento e patamares máximos de inflação
aceitáveis? Isso não é interesse
do PT, ou do PFL, ou do PSDB,
é interesse do país", declarou,
após o encontro. Antes que pudesse dar detalhes sobre a proposta, no entanto, Tarso encerrou abruptamente a entrevista.
A LRF, criada em 2000 pelo
governo do PSDB, propõe penalidades para governantes
que deixem despesas sem receita correspondente para seus
sucessores. Foi combatida pelos petistas na época, mas hoje
é defendida pelo partido.
Na conversa, Jutahy disse
que o governo cria dificuldades
para a construção de uma relação institucional com a oposição e condicionou a aproximação a mudanças no comportamento de seus integrantes.
Ele reclamou, por exemplo,
da presença do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) na
convenção que oficializou a
candidatura de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.
Disse que o chefe da Polícia Federal não deveria estar lá. Também se queixou de declarações
do presidente Lula desqualificando o Congresso. Jutahy citou o desafio às CPIs e a crítica
ao reajuste do Judiciário.
Segundo um dos participantes, Tarso disse que levaria as
ponderações ao governo. Mas
pediu que não fossem explicitadas em entrevistas. Publicamente, os dois só trataram de
agenda mínima.
Além da LRF, outros temas
que constariam da agenda mínima, segundo Tarso, seriam
projetos na área de segurança
pública, a minirreforma tributária, a lei que cria a loteria Timemania, a Lei Geral da Micro
Empresa e ações que ele definiu vagamente como "de resgate da imagem do Parlamento".
Também insistiu numa velha
bandeira, a reforma política.
"Acho que pode-se buscar
construir uma agenda mínima
com a oposição. Isso não quer
dizer que oposição e governo
pensem a mesma coisa, mas
que seja um elenco de problemas a serem resolvidos", declarou Tarso, que definiu a visita a
Jutahy como sendo "institucional, para qualificar as relações
entre oposição e governo".
O tucano disse que o partido
está disposto a "caminhar junto
[com o governo] em questões
de interesse do Brasil". Sobre a
proposta de mudar a LRF, afirmou que não foi discutida no
encontro com o ministro. A
chance de algo parecido com
uma agenda comum ser acertada agora é mínima. Além do
tom beligerante da campanha,
o Congresso não deve votar
matéria importante neste ano.
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