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Militar reconhece aulas, mas diz que contexto era outro
DO ENVIADO A MANAUS
O comandante do Cigs (Centro de Instrução de Guerra na
Selva), tenente-coronel Antonio Manoel Barros, reconheceu
que a escola foi usada para ensino de técnicas de tortura durante o regime militar.
"Não era um procedimento
operacional, mas em determinado contexto se sabia que a
técnica poderia ser usada. A
Força (o Exército) não aceitava
isso como algo trivial", disse.
O treinamento incluía simulação de campos de concentração para prisioneiros. Para o
coronel, tais procedimentos já
não são admitidos no Cigs. "Estamos falando das décadas de
60, 70, era outro contexto."
Barros é pioneiro na inclusão
de elementos da psicopedagogia no treinamento dos combatentes de selva. Ele contratou
três psicólogas, que fazem o
acompanhamento de todos.
O Programa de Aplicação de
Pressão Psicológica, ao qual a
Folha teve acesso, prevê práticas polêmicas como a privação
do sono, de água e alimentos.
Embora sejam técnicas reconhecidamente usadas em sessões de tortura, o manual determina aplicação "controlada". As instruções são recomendadas pelo Departamento
de Ensino e Pesquisa do Exército. Os instrutores do Cigs
também são orientados no programa a evitar "contato físico"
e "humilhações", inclusive xingamentos e agressões verbais.
Araguaia
"Hoje o treinamento é mais
leve que naquela época", afirmou o mateiro João Barroso,
que trabalha no Cigs desde
1978. Ele aprendeu com o pai a
se locomover na selva e tem
passado seus ensinamentos a
várias gerações de militares.
Técnicas de orientação na
floresta ou de aproveitamento
dos recursos da fauna e flora,
aprendidas com ribeirinhos ou
indígenas, foram reunidas no
Compêndio do Guerreiro de
Selva. O livro, com todos os segredos do combate e da sobrevivência na Amazônia, é um
guardado a sete chaves.
(CDS)
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