São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Estudantes são detidos após invasão da Unifesp

Reitoria foi ocupada e houve confronto com seguranças; equipamentos foram destruídos

Invasão foi motivada por problemas na prestação de contas da universidade; a Unifesp diz lamentar e que não vê motivos para ato

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de 48 estudantes invadiu na madrugada de ontem o prédio da reitoria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) na Vila Clementino, em São Paulo. Houve confronto entre alunos e seguranças da universidade e parte dos equipamentos do prédio foi destruída. Os universitários foram detidos pela Polícia Militar e liberados após prestarem depoimento na delegacia.
A invasão, segundo nota distribuída pelos invasores, foi motivada por reportagem publicada pela Folha na última quarta-feira, que revelou problemas na prestação de contas da reitoria entre 2005 e 2006.
De acordo com auditoria do CGU (Controladoria Geral da União), apenas em 2005 houve ausência de prestação de contas envolvendo R$ 178 milhões. Foram apontadas 94 irregularidades nos anos de 2005 e 2006. Não há previsão para o julgamento dessas contas.
"Corrupção virou moda na Unifesp!", diz a nota distribuída ontem pelo grupo invasor e que convoca os universitários a reagir. "Neste ano, já houve várias mobilizações dos estudantes [...] contra o desvio do dinheiro público, não só através do cartão corporativo mas também contra qualquer outra forma de corrupção dessa reitoria", afirma.

Reitor
O documento pede a saída do reitor, Ulysses Fagundes Neto. Ele não quis comentar o assunto. A universidade, por meio de nota, disse, porém, que o motivo da invasão é injustificável. "Não se sustenta o argumento dos alunos para a invasão, motivada por matéria jornalística que noticia questionamentos da CGU à prestação de contas da universidade, relativa aos anos de 2005 e 2006. Tais questionamentos, que não são conclusivos, serão devidamente esclarecidos pela universidade", diz trecho da nota.
O grupo chegou à unidade por volta da 1h15. Com capuzes e camisetas amarradas sobre o rosto, segundo a universidade, os alunos entraram no prédio armados de barras de ferro, chaves de fenda e marretas. A invasão do prédio não durou mais do que 30 minutos.

Barricadas
"Os estudantes ergueram barricadas, agrediram quatro seguranças, quebraram móveis, vidros, portas e telefones", diz nota da Unifesp, que ainda não estimou prejuízos.
O coordenador de comunicação do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da universidade, Mateus Lima, 21, afirmou que a invasão não teve apoio do diretório, mas não criticou.
"A gente não está envolvido. É um pouco mais delicado apoiar, já que teve depredação. O motivo a gente apóia, também queremos a saída do reitor", afirmou ele.
Lima afirmou ainda que, devido à manifestação de ontem, o DCE deve se reunir nesta semana com os estudantes para discutir se será feito algum tipo de protesto contra a reitoria.
Por se tratar de universidade federal, a Polícia Federal será a responsável pela investigação do caso.


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