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PT SOB SUSPEITA
Vereadores investigarão empresas e admitem acareação entre depoentes para esclarecer contradições
CPI termina 1ª fase com muitas dúvidas
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com mais interrogações do que
certezas, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) criada em
Santo André para investigar um
suposto esquema de arrecadação
de propina para financiar campanhas do PT termina amanhã sua
primeira fase de depoimentos.
Para tentar preencher essas lacunas após 19 depoimentos, sendo os dois últimos previstos para
hoje e amanhã, os vereadores da
comissão já admitem promover
acareações entre os depoentes,
solicitar à Justiça as fitas gravadas
pela Polícia Federal com conversas entre petistas e quebrar o sigilos bancário, fiscal e telefônico
dos principais acusados.
"A partir de quarta-feira, nós
[os vereadores] vamos impor
uma trégua de pelo menos uma
semana para nos debruçarmos
em documentos, constatar contradições entre os depoentes e
ainda traçar os próximos passos
da comissão", disse o relator da
CPI, Donizeti Pereira (PV).
Segundo os vereadores, uma
primeira acareação pode ser entre
João Francisco Daniel, irmão do
prefeito assassinado Celso Daniel
e um dos principais acusadores
do suposto esquema, Gilberto
Carvalho, ex-secretário de Governo da cidade, e Miriam Belchior,
ex-mulher de Celso Daniel.
João Francisco afirmou que os
dois são conhecedores do suposto
esquema de extorsão. Já Gilberto
e Miriam negam que conheçam
esse assunto.
Os vereadores vão também iniciar análise das contabilidades
nas empresas de transporte coletivo da cidade. Devem começar os
trabalhos na Expresso Guarará,
da família Gabrilli -também testemunha de acusação-, e na Expresso Nova Santo André, empresa de transporte formada por um
pool de empresários. Um desses
empresários é Ronan Maria Pinto, denunciado pelo Ministério
Público e acusado de ser o arrecadador das supostas propinas.
De acordo com o Ministério Público, além de Ronan, o empresário Sérgio Gomes da Silva e o secretário afastado de Serviços Municipais de Santo André, Klinger
Luiz de Oliveira Souza, teriam cobrado propina de empresários
desde 1997. A arrecadação, segundo o MP, teria sido interrompida
após a morte de Celso Daniel, em
janeiro deste ano.
Também será alvo dos vereadores as contradições nos depoimentos à CPI da empresária Rosangela Gabrilli e do gerente da
Aesa (associação de empresas de
transportes da cidade), Luiz Marcondes de Freitas Júnior.
Rosangela afirmou que sua empresa, a Expresso Guarará, pagava
R$ 40 mil por mês de propina à
Prefeitura de Santo André. Ela
disse que, para criar fundos para a
propina, diminuía em relatórios o
número diário de passageiros que
utilizava os ônibus da empresa. Já
Freitas Júnior afirmou que essa
falsificação é impossível, por tratar-se de um "sistema eletrônico".
De acordo com o relator da CPI,
a Prefeitura de Santo André também tem "muito a colaborar com
a comissão" pelo fato de ter contratado uma auditoria externa para analisar a situação da Expresso
Guarará -que teria cometido
uma série de irregularidades durante um contrato de concessão
municipal.
Outra acareação que pode ser
feita pela CPI é entre o empresário
Sebastião Passarelli, dono da Expresso Guarará, e Ronan Maria
Pinto. Passarelli disse ter entregue
R$ 40 mil em dinheiro a Ronan.
Ronan, que depõe hoje na comissão, negou em defesa prévia a
acusação.
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