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FUNDOS DE PENSÃO
Daniel Dantas usa Dirceu e PFL para atuar na CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com apoio do PFL e do deputado José Dirceu, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, tem
atuado na CPI dos Correios e no
Congresso para tentar recuperar
influência sobre os fundos de
pensão de estatais -poder que
teve no governo FHC.
Dantas viu na crise uma oportunidade de articular manobras políticas e econômicas que possam
lhe devolver o controle sobre um
grupo de empresas cujo valor de
mercado chega a R$ 15 bilhões.
Em conversas reservadas com a
Folha, membros da oposição e da
base do governo que pertencem à
CPI dos Correios confirmaram
que Dantas tem operado na comissão por intermédio do PFL.
Nos bastidores, os ex-ministros
Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo)
voltaram a ficar em lados opostos
quando o assunto é Dantas.
Desde a campanha eleitoral de
2002, quando barrou tentativas de
doações em dinheiro de Dantas
ao PT, Gushiken é um obstáculo
para o banqueiro por sua influência junto aos fundos de pensão,
área na qual se especializou.
Gushiken, hoje chefe do NAE
(Núcleo de Assuntos Estratégicos
da Presidência), já foi convocado
para depor na CPI sobre a relação
dos fundos de pensão com empresas que abasteceram o esquema PT-Valério. Já há parlamentares que cogitam convocar Dantas.
O banqueiro deu R$ 145 milhões a empresas do publicitário
Marcos Valério de Souza.
No governo Fernando Henrique, Dantas montou sociedades
com fundos de pensão e empresas
estrangeiras nas quais tinha pequena participação, mas, por arranjos jurídicos, conseguia ser o
gestor dos negócios. O governo
Lula rompeu a aliança de Dantas
com os fundos.
Espionagem
Segundo informação da Polícia
Federal dada ao Palácio do Planalto, Dantas contratou a empresa de investigação Kroll para espionar Gushiken e Dirceu.
Em conversas com senadores
do PFL, Dantas disse que o advogado Antonio Carlos de Almeida
Castro ofereceu diversas vezes
ajuda política, dizendo que poderia melhorar sua relação com o
governo por meio de Dirceu, de
quem o advogado é amigo.
Gushiken, porém, sempre conseguiu barrar a abertura de portas
no governo Lula para Dantas, argumentando que a aliança do empresário com os fundos de pensão
seria prejudicial aos funcionários
que contribuíram para suas futuras aposentadorias. Lula tem bancado a posição de Gushiken.
Historicamente bem relacionado com a cúpula do PFL, Dantas
recebe auxílio de membros do
partido, como os senadores ACM,
Jorge Bornhausen (SC) e Heráclito Fortes (PI), além dos deputados Alberto Fraga (DF) e Abelardo Lupion (PR).
Um membro da cúpula da CPI
confirmou à Folha que advogados ligados a Dantas e Almeida
Castro têm ajudado o PFL a fazer
investigações nas operações dos
fundos de pensão. (KENNEDY ALENCAR)
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