São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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FUNDOS DE PENSÃO

Daniel Dantas usa Dirceu e PFL para atuar na CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com apoio do PFL e do deputado José Dirceu, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, tem atuado na CPI dos Correios e no Congresso para tentar recuperar influência sobre os fundos de pensão de estatais -poder que teve no governo FHC.
Dantas viu na crise uma oportunidade de articular manobras políticas e econômicas que possam lhe devolver o controle sobre um grupo de empresas cujo valor de mercado chega a R$ 15 bilhões.
Em conversas reservadas com a Folha, membros da oposição e da base do governo que pertencem à CPI dos Correios confirmaram que Dantas tem operado na comissão por intermédio do PFL.
Nos bastidores, os ex-ministros Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) voltaram a ficar em lados opostos quando o assunto é Dantas.
Desde a campanha eleitoral de 2002, quando barrou tentativas de doações em dinheiro de Dantas ao PT, Gushiken é um obstáculo para o banqueiro por sua influência junto aos fundos de pensão, área na qual se especializou.
Gushiken, hoje chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência), já foi convocado para depor na CPI sobre a relação dos fundos de pensão com empresas que abasteceram o esquema PT-Valério. Já há parlamentares que cogitam convocar Dantas.
O banqueiro deu R$ 145 milhões a empresas do publicitário Marcos Valério de Souza.
No governo Fernando Henrique, Dantas montou sociedades com fundos de pensão e empresas estrangeiras nas quais tinha pequena participação, mas, por arranjos jurídicos, conseguia ser o gestor dos negócios. O governo Lula rompeu a aliança de Dantas com os fundos.

Espionagem
Segundo informação da Polícia Federal dada ao Palácio do Planalto, Dantas contratou a empresa de investigação Kroll para espionar Gushiken e Dirceu.
Em conversas com senadores do PFL, Dantas disse que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro ofereceu diversas vezes ajuda política, dizendo que poderia melhorar sua relação com o governo por meio de Dirceu, de quem o advogado é amigo.
Gushiken, porém, sempre conseguiu barrar a abertura de portas no governo Lula para Dantas, argumentando que a aliança do empresário com os fundos de pensão seria prejudicial aos funcionários que contribuíram para suas futuras aposentadorias. Lula tem bancado a posição de Gushiken.
Historicamente bem relacionado com a cúpula do PFL, Dantas recebe auxílio de membros do partido, como os senadores ACM, Jorge Bornhausen (SC) e Heráclito Fortes (PI), além dos deputados Alberto Fraga (DF) e Abelardo Lupion (PR).
Um membro da cúpula da CPI confirmou à Folha que advogados ligados a Dantas e Almeida Castro têm ajudado o PFL a fazer investigações nas operações dos fundos de pensão. (KENNEDY ALENCAR)

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