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Estatais de Minas são apontadas como "doadoras"
DA SUCURSAL DO RIO
O homem que entregou ao Ministério Público Federal a lista de
financiados do PSDB por empresas de Marcos Valério disse que a
campanha para a reeleição de
Eduardo Azeredo a governador
de Minas Gerais, em 1998, recebeu reforço de R$ 8,5 milhões do
governo do Estado.
A administração pública direta
teria repassado R$ 2 milhões e
R$ 6,5 milhões teriam vindo de
empresas estatais -Cemig (eletricidade), Copasa (saneamento),
Loteria Mineira, Comig (mineração)- e de ex-estatais (Banco de
Crédito Real e Bemge (Banco do
Estado de Minas Gerais)- privatizadas na gestão de Azeredo
(1994-98). O Bemge foi privatizado em setembro de 1998 e o Credireal, em agosto de 1997.
Azeredo tentou reeleger-se governador em 98, tendo o empresário Clésio Andrade, atual vice-governador, como vice na chapa.
Nilton Monteiro entregou aos
procuradores da República cópia
do que seria o balanço financeiro
da campanha e que ele afirma ter
obtido no final de 1998.
Entre os documentos estão listas apócrifas com nomes de mais
de cem políticos do Estado que teriam sido financiados pelas empresas de Valério e várias folhas
com cópias de recibos de depósitos do Banco Real com transferências de valores da conta da
SMPB para deputados estaduais e
federais e para ex-deputados.
Há, ainda, um conjunto de folhas com o resumo da movimentação financeira da campanha, no
qual está indicado que as empresas SMPB e DNA movimentaram
R$ 53 milhões na campanha.
As estatais, segundo os papéis
com a Procuradoria, repassaram
dinheiro para a campanha como
se fosse patrocínio do evento de
corrida de motos Enduro da Independência, ocorrido naquele
ano. A SMPB tinha exclusividade
na organização do evento.
Até agora, era público que duas
empresas estaduais -Comig
(atual Codemig) e a Copasa- tinham patrocinado o evento, cada
uma com R$ 1,5 milhão.
Na documentação reunida por
Monteiro consta que as empresas
mineiras tiveram a seguinte participação como patrocinadoras do
Enduro da Independência: Cemig, R$ 1,5 milhão; Copasa, R$ 1,5
mi; Bemge, R$ 1 mi; Crédito Real,
R$ 1 mi; Loteria de Minas; R$ 500
mil; e Comig; R$ 1 mi.
O Ministério Público do Estado
já havia entrado com ação contra
Azeredo e Clésio por suspeita de
que os R$ 3 milhões desembolsados pela Cemig e Copasa teriam
financiando a campanha. Com a
eleição de Azeredo para senador,
o processo foi transferido para o
STF, onde ainda se encontra.
Na papelada, consta que Clésio
transferiu, como doação, R$ 8,25
milhões para a campanha, por
meio de transferências da SMPB.
Clésio foi sócio de Valério na
DNA e na SMPB, mas, formalmente, a sociedade foi desfeita em
julho de 1998, com a oficialização
da candidatura. Ele transferiu
suas cotas para os sócios e, dois
anos depois, entrou com ação argumentando que eles não teriam
efetuado o pagamento nas condições acertadas. (EL)
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