São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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Estatais de Minas são apontadas como "doadoras"

DA SUCURSAL DO RIO

O homem que entregou ao Ministério Público Federal a lista de financiados do PSDB por empresas de Marcos Valério disse que a campanha para a reeleição de Eduardo Azeredo a governador de Minas Gerais, em 1998, recebeu reforço de R$ 8,5 milhões do governo do Estado.
A administração pública direta teria repassado R$ 2 milhões e R$ 6,5 milhões teriam vindo de empresas estatais -Cemig (eletricidade), Copasa (saneamento), Loteria Mineira, Comig (mineração)- e de ex-estatais (Banco de Crédito Real e Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais)- privatizadas na gestão de Azeredo (1994-98). O Bemge foi privatizado em setembro de 1998 e o Credireal, em agosto de 1997.
Azeredo tentou reeleger-se governador em 98, tendo o empresário Clésio Andrade, atual vice-governador, como vice na chapa.
Nilton Monteiro entregou aos procuradores da República cópia do que seria o balanço financeiro da campanha e que ele afirma ter obtido no final de 1998.
Entre os documentos estão listas apócrifas com nomes de mais de cem políticos do Estado que teriam sido financiados pelas empresas de Valério e várias folhas com cópias de recibos de depósitos do Banco Real com transferências de valores da conta da SMPB para deputados estaduais e federais e para ex-deputados.
Há, ainda, um conjunto de folhas com o resumo da movimentação financeira da campanha, no qual está indicado que as empresas SMPB e DNA movimentaram R$ 53 milhões na campanha.
As estatais, segundo os papéis com a Procuradoria, repassaram dinheiro para a campanha como se fosse patrocínio do evento de corrida de motos Enduro da Independência, ocorrido naquele ano. A SMPB tinha exclusividade na organização do evento.
Até agora, era público que duas empresas estaduais -Comig (atual Codemig) e a Copasa- tinham patrocinado o evento, cada uma com R$ 1,5 milhão.
Na documentação reunida por Monteiro consta que as empresas mineiras tiveram a seguinte participação como patrocinadoras do Enduro da Independência: Cemig, R$ 1,5 milhão; Copasa, R$ 1,5 mi; Bemge, R$ 1 mi; Crédito Real, R$ 1 mi; Loteria de Minas; R$ 500 mil; e Comig; R$ 1 mi.
O Ministério Público do Estado já havia entrado com ação contra Azeredo e Clésio por suspeita de que os R$ 3 milhões desembolsados pela Cemig e Copasa teriam financiando a campanha. Com a eleição de Azeredo para senador, o processo foi transferido para o STF, onde ainda se encontra.
Na papelada, consta que Clésio transferiu, como doação, R$ 8,25 milhões para a campanha, por meio de transferências da SMPB.
Clésio foi sócio de Valério na DNA e na SMPB, mas, formalmente, a sociedade foi desfeita em julho de 1998, com a oficialização da candidatura. Ele transferiu suas cotas para os sócios e, dois anos depois, entrou com ação argumentando que eles não teriam efetuado o pagamento nas condições acertadas. (EL)

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