São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

Para senador, denunciante mente

DA AGÊNCIA FOLHA

Indignado com o depoimento de Nilton Antonio Monteiro, o senador Eduardo Azeredo (PSDB), por meio da sua assessoria, enviou comunicado à Folha criticando o depoente. Diz que ele "mente", que é "falsificador com extensa ficha criminal" e que o deputado estadual Rogério Correia (PT) se juntou a ele na divulgação de documentos apócrifos.
"O denunciante Nilton Antonio Monteiro é conhecido falsificador de documentos", diz o texto, que afirma ainda que Monteiro "falsificou" assinatura do próprio advogado e documentos de uma mineradora, que "usa a conta bancária do pai", já morto, e que já foi denunciado por "roubo de documentos e talões de cheques".
O senador diz que "nunca se reuniu com Monteiro para discutir débitos da campanha ou propostas de emprego" e afirma que os depoimentos de Monteiro no Ministério Público Federal do Rio "são recheados de incongruências, contradições e versões fantasiosas e estapafúrdias dos fatos".

Campanhas
O senador também afirma que Monteiro "nunca teve ligações com campanhas do PSDB".
Na última sexta, Azeredo já havia negado todas as denúncias. Afirmou que não montou "caixa dois" com dinheiro de estatais em sua campanha ao governo em 98 e disse desconhecer Monteiro.
Ex-governador de Minas (1995-98), ele disse que Monteiro esteve uma vez neste ano em seu gabinete, em Belo Horizonte, sendo atendido por um de seus advogados. Mas Azeredo disse não saber o motivo da visita. Ele considera isso uma "armação", assim como a lista apócrifa do suposto esquema de financiamento irregular de campanhas em Minas montado por Marcos Valério de Souza para o PSDB nas eleições daquele ano.
Na sexta, ele acusou "setores do PT" de quererem difamá-lo "para tentar compensar os problemas que o PT está vivendo". No dia seguinte, ele acusou o deputado estadual Rogério Correia (PT) de ter levado Monteiro ao MPF em Belo Horizonte e que, antes disso, Correia "procurou jornalistas e redações [de jornais] para tentar divulgar documentos apócrifos sobre a campanha de 98".
De fato, foi o deputado petista quem levou Monteiro para uma reunião informal com o procurador-chefe Eduardo Fonseca. Na reunião, apurou a Folha, Monteiro nomeou petistas mineiros que teriam recebido dinheiro do suposto esquema de Valério em 98.
O deputado Correia disse que foi procurado por Monteiro e o levou ao MPF, mas negou ter distribuído documentos apócrifos.

Estatais
O subsecretário de Comunicação do governo de Minas, Eduardo Guedes Neto, afirmou que Cemig, Loteria Mineira e Credireal não patrocinaram o Enduro da Independência de 1998.
Naquele ano, Guedes era secretário-adjunto de Comunicação de Azeredo e assinou ofícios recomendando que as estatais Copasa e Comig patrocinassem o evento esportivo em R$ 1,5 milhão cada uma. O dinheiro foi repassado a uma conta da SMPB Comunicação -organizadora do evento- no Banco Rural. Guedes disse ainda que é "muito provável" que o Bemge não tenha patrocinado, pois a privatização do banco estava sendo concluída naquela época. (THIAGO GUIMARÃES e PAULO PEIXOTO)

Texto Anterior: Estatais de Minas são apontadas como "doadoras"
Próximo Texto: Entrevista da 2ª - Paulo Bonavides: Para especialista, proposta de revisão constitucional é golpe
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.