São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Sem cara definida

É impossível não simpatizar com toda a luta de Jorge Bornhausen para fazer do PFL uma legenda de oposição. Ontem ele foi ao extremo, no esforço de atingir Lula para distanciar dele o partido.
Chamou o presidente de "comandado" de José Dirceu. Comparou Lula, que "passou a cooptar por ordem do comandante", a Waldomiro Diniz, que cooptava "até fevereiro".
Foi o que noticiaram os sites -e na seqüência um blog mais próximo do lulismo já cobrava desculpas do pefelista.
Nada disso. Bornhausen faz o que tem que fazer, para que não voltem a dizer que o PFL está no poder desde 1500.
No comentário de Fernando Rodrigues na home do UOL, o grupo de Bornhausen já "teme a perda de poder" no partido, em "crise de identidade".
Mais do presidente do PFL:
- Só há um caminho, o da oposição. É melhor reduzir que ficar sem cara definida.
O seu questionamento não se dirige tanto a Lula e José Dirceu, mas ao próprio PFL.
 
Ontem já se espalhava a versão de que, no jantar com a "oposição light", Lula "esclareceu que não estava ali para cooptar ninguém e sim para defender projetos importantes".
Foi o que relatou o blog de Jorge Bastos Moreno. O relato foi quase todo ameno.
Lula disse que vai procurar Tasso Jereissati. Elogiou os antecessores José Sarney e Itamar Franco, mas culpou FHC pelo abandono de estradas e portos, entre outras críticas. E bebeu "refrigerante diet".
Mais ameno, só mesmo o Jornal Nacional, para quem "o objetivo do governo é melhorar o clima no Congresso e facilitar a aprovação de matérias importantes que estão paradas como a lei de biossegurança".
Nada mais.

EM WALL STREET

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Lula e Kirchner no "WSJ"
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APOIO Como Lula, também Geraldo Alckmin exibe apoio externo, como ontem na Globo, com o primeiro-ministro Junichiro Koizumi

O conservador "The Wall Street Journal" trouxe ontem uma longa comparação entre os dois anos de Lula e Néstor Kirchner, sob o título "Esquerdistas divergem na Argentina e Brasil". Relatou como Lula "surpreendeu os investidores" com sua política econômica "ortodoxa", enquanto Kirchner "antagonizou com os investidores". Foi só elogios ao brasileiro e quase só críticas ao argentino. De um economista:
- Lula sabe que uma economia em ordem será muito positiva para a sua sorte política. Kirchner não percebeu que o populismo traz vantagem de prazo muito curto.
Mas o petista que não comemore demais o apoio em Wall Street. O "WSJ" encerra sublinhando que "os futuros das economias de Mr. da Silva e Mr. Kirchner dependem de muitos fatores que estão além do controle deles". Por exemplo, o que vai acontecer com a China.

Febre
A uma semana da viagem de Lula à ONU, também o "Financial Times", a exemplo do "WSJ", saiu ontem com elogios ao país numa interminável reportagem intitulada "O Brasil amadurece no palco global".
Uma vez mais, os temas foram o comércio e a política externa. O jornal britânico falou das vendas de ônibus a sapatos, sublinhando que no país "as empresas pegaram febre de exportar". Entre os destaques do "FT", algumas empresas foram premiadas como exemplares: Marcopolo, Iveco e Embraer.
Para o jornal, como se ouve sem parar por aqui, o problema é a "infra-estrutura inadequada, como portos e estradas".

Choque
No que mais parecia um dossiê sobre o país, ontem o "Financial Times" trouxe outra reportagem, em tom mais crítico.
Lembrando que "o Brasil liderou a resistência contra as tentativas dos EUA de impor padrões cada vez mais elevados de proteção" da propriedade intelectual, o jornal destacou em título que vem aí um "choque" entre americanos e brasileiros, no fim do mês, num fórum multilateral.

No esforço
E havia mais, ontem no "FT". Um pequeno editorial cobrou do Brasil uma legislação para transgênicos, em análise há "quase uma década" no Congresso, que "falhou" de novo.


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