São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005 |
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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DA CASSAÇÃO Em discurso antes de ter mandato cassado, deputado chama Lula de "omisso" e diz que Dirceu tratou Câmara como "prostíbulo" Corrupção vem do Executivo, diz Jefferson
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LULA - Desde o início da crise política, Jefferson vinha procurando poupar Lula. Apesar de não acusar diretamente o presidente de envolvimento em esquema de corrupção, o petebista ontem não deixou de atacá-lo. "Disse ao próprio presidente: o Delúbio vai botar uma bomba debaixo dessa cadeira. Essa história do "mensalão" é um escândalo, nunca vi uma coisa igual na história parlamentar", afirmou. "A corrupção partiu de lá, as ligações do Marcos Valério são para o gabinete do senhor presidente, 111." Segundo o petebista, Lula "é como o José Genoino [ex-presidente do PT], assinou empréstimo, houve acordo, mas não leu, não sabia. O presidente virou uma espécie de Genoino na Presidência, não sabe o que lê, não sabe o que assina, não sabe o que faz." CONGRESSO X PLANALTO - A tática do deputado foi tentar angariar
votos de última hora com a tese de
que o Planalto, para se livrar da
crise, promove uma "guerra fratricida" entre os parlamentares.
"[Lula] escolheu o ministro José
Dirceu como uma espécie de
Jeany Mary Corner [cafetina de
Brasília], o rufião do Planalto para
alugar prostitutas. Tratou essa
Casa como se fôssemos um prostíbulo", disse. "Fez aqui na Casa o
conflito como se fôssemos um valhacouto de corruptos." DEFESA E ATAQUE - O petebista
acusou o relator Jairo Carneiro de
ter feito um relatório "fascista" e
de cometer irregularidades no governo da Bahia. Jairo nega. Afirmou que o que sofre hoje é perseguição política e diz que teve o seu
nome usado indevidamente por
Maurício Marinho, ex-chefe de
departamento nos Correios. "Eu
não posso evitar que alguém peça
dinheiro em meu nome. O Rogério Buratti [ex-assessor do ministro Antonio Palocci, da Fazenda]
fez isso com o ministro Palocci." MENSALÃO - Apesar de dizer que
o "mensalão" está provado, Jefferson afirmou que ele pode ser
chamado de "bimestralão" ou
"trimestralão". "Se o relator fica
ofendido com a palavra mensalão
(...), use o "bimensalão", o "trimestralão", o que ele quiser falar, mas
essa transferência constante de
recursos para alugar partidos da
base aliada tinha de acabar." PT - O deputado bateu duro no
PT. "Nunca bati no peito para dizer que sou paladino da ética e
campeão olímpico da moralidade. Todo fariseu e farsante emprega culpa ao adversário como se
fosse um biombo para esconder
os seus defeitos", disse. "O PT não
rouba, não deixa roubar. Ouvi isso da cúpula do partido. Rouba,
mas rouba sozinho, e muito!" DESPEDIDA - "Entrego 23 anos
de mandato. Confesso que estou
um pouco cansado, mas honrei o
Parlamento. Todos os dias investigam minha vida, não conseguiram colocar nada no jornal que
pudesse ferir minha honra. Saio
de cabeça erguida." Seus advogados disseram que vão recorrer ao
STF para tentar reaver o mandato.
(RANIER BRAGON, FÁBIO ZANINI, SILVIO NAVARRO E LUIZ FRANCISCO)
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