|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA TRUNCADA
Adiamento pode afetar tramitação de emendas no Congresso
Novo ministério deve sair só em 2004; PMDB se frustra
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pretende adiar para o início
do próximo ano a reforma ministerial, o que frustrou os planos do
PMDB de antecipar as mudanças
e assumir pelo menos duas pastas
até o final de outubro. A decisão
deve levar a bancada da sigla no
Senado a criar dificuldades para a
votação das reformas previdenciária e tributária.
A informação foi transmitida
pelo ministro José Dirceu (Casa
Civil) ao presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), e ao líder Renan Calheiros (PMDB-AL)
durante almoço ontem na casa de
Sarney. A cúpula peemedebista
deve se reunir nos próximos dias
para decidir o que fazer. A estratégia é manter a pressão para que a
reforma saia pelo menos até o início de dezembro.
Com uma bancada de 23 senadores, em um total de 81, o apoio
do PMDB é decisivo para o governo federal aprovar as reformas no
Senado. Valendo-se disso, o partido tentava antecipar a reforma
para o final de outubro.
A questão é que Lula quer evitar
que o ingresso do PMDB no ministério pareça barganha para justamente aprovar os projetos.
Além disso, segundo raciocínio
do Palácio do Planalto, o ministro
que assumir em outubro ou novembro praticamente não teria
mais Orçamento para fazer alguma coisa neste ano. Lula também
não gosta da idéia de tirar um ou
dois ministros apenas para acomodar o PMDB e prefere mexer
no ministério de uma vez.
No PMDB, os nomes a serem
indicados ao Planalto devem ser o
do líder na Câmara, deputado federal Eunício Oliveira (CE), e o do
senador Romero Jucá (RR), relator da reforma tributária. O PT
reage ao nome de Jucá.
Ontem mesmo Sarney e Calheiros avisaram a Dirceu que Jucá tinha dificuldades políticas para fechar um parecer ainda nesta semana, como era previsto. Ele alega a resistência dos governadores
a aspectos do projeto e a falta de
uma orientação clara do governo
sobre o que pode ser negociado.
Foi o que aconteceu. Em entrevista ontem no Senado, Jucá
adiou de hoje para a quarta-feira
da próxima semana a apresentação da nova versão do projeto
(leia texto nesta página).
Dirceu comprometeu-se a patrocinar uma reunião de Jucá com
governadores e o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), talvez no final da semana. Até a reunião, o relógio corre contra o governo, que precisa aprovar a prorrogação da DRU (Desvinculação
de Receitas da União) e da CPMF,
o chamado imposto do cheque, o
mais rápido possível.
Previdência
Os peemedebistas registraram
haver dificuldades também na reforma da Previdência: o partido
insiste em diminuir as diferenças
nos subtetos salariais estabelecidos para o Executivo, o Judiciário
e o Legislativo.
Acenaram com a possibilidade
de votar uma emenda supressiva
que retiraria o subteto para funcionários do Executivo.
A conversa era para tratar das
reformas constitucionais, mas enveredou pela mudança ministerial. Há muita pressão dos senadores do PMDB por uma definição do assunto. Dirceu ouviu críticas sobre a superposição de atribuições no ministério de Lula e a
falta de "agilidade" operacional
do governo federal.
Um dos temas também citados
pelos peemedebistas foi a reforma
agrária. O atraso no cumprimento das metas do governo estaria
provocando um "acirramento
óbvio" nas relações agrárias -foi
um argumento usado durante o
almoço, segundo testemunho de
um dos presentes.
Dirceu teria respondido que o
governo tem novidades para
apresentar nessa área nos próximos dias, como disponibilizar de
imediato R$ 2 bilhões em TDAs
(Títulos da Dívida Agrária) para a
reforma, além dos recursos já previstos no Orçamento.
Texto Anterior: Caso Banestado: CPI quer exumar corpo de ex-diretor de banco Próximo Texto: Impasse prorroga apresentação da nova versão da proposta tributária Índice
|