São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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CASO SANTO ANDRÉ

Objetivo era encontrar material que esclarecesse dúvidas sobre assassinato de Celso Daniel; para promotor, busca não produziu resultados

Polícia faz busca em escritórios de legista

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com autorização judicial, a Polícia Civil e o Ministério Público realizaram ontem busca e apreensão em dois escritórios do perito Carlos Delmonte Printes, encontrado morto na quarta-feira.
O foco da busca eram materiais relacionados ao caso do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel (PT). Printes fez a autópsia do corpo do petista e, em agosto, havia recebido um pedido da Promotoria para que esclarecesse cerca de 15 questões sobre a morte. O perito não chegou a apresentar o resultado do estudo.
Ainda em agosto, Printes afirmou que Daniel foi brutalmente torturado antes de ser morto, em janeiro de 2002. Disse ainda que afastava a possibilidade de crime comum -por conta disso, contou ter sido punido por superiores e rebaixado de cargo.
Na sala destinada a estudos que Printes mantinha na rua Botucatu, em São Paulo, onde morreu, promotores e policiais encontraram apenas uma transparência com gráfico, anotações sobre estilhaços encontrados no ombro direito de Daniel e uma fotografia ampliada de uma superfície rugosa. Em todos os materiais estava anotado "Santo André".
Na pequena sala, separada por uma estante, havia muitos livros empoeirados, garrafas de vinho fechadas e lembranças da família.
"Foi uma busca infrutífera", disse o promotor Roberto Wider Filho após passar três horas no local, ao lado da promotora Adriana Ribeiro Soares de Morais, e de dois delegados da polícia.
O segundo local vasculhado pela polícia foi o escritório mantido por Printes no IML (Instituto Médico Legal), local de trabalho nos últimos 21 anos.
A autorização para a busca e apreensão foi dada pelo juiz de Itapecerica da Serra (SP) Luiz Fernando Prestes, que é o responsável pelo processo de homicídio qualificado de Daniel.

Perito
A causa da morte de Printes ainda é desconhecida. Os primeiros exames em seu corpo descartaram a possibilidade de morte natural e apontaram para possível envenenamento, mas isso ainda deverá ser confirmado.
Promotores e policiais consideram remota a possibilidade de assassinato no caso de Printes. Dois dias antes de morrer, o legista entregou a um dos filhos uma carta manuscrita em que fala como deveria ser seu funeral.
Peritos do IML colheram material do corpo do perito para realizar os exames necessários de identificação da causa da morte. O resultado deverá ficar pronto em até duas semanas.
O legista foi sepultado na manhã de ontem no cemitério Israelita do Butantã. A família havia tentado um autorização para que o corpo fosse cremado -como era vontade do próprio perito-, mas o pedido foi negado.
Printes foi a sétima pessoa que teve algum contato com Daniel a morrer. As demais pessoas, no entanto, tiveram morte violenta -cinco por armas de fogo e uma foi atirada de uma moto após uma perseguição.
Celso Daniel foi seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002 quando estava em uma Pajero guiada pelo ex-segurança Sérgio Gomes da Silva -apontado como o mandante do crime. O corpo do petista foi encontrado dois dias depois com oito tiros.
Gomes da Silva nega ser o autor do crime. Ele disse que ele era muito amigo de Daniel.


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