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MST
"Não aceito imposição", afirma líder
Rainha diz não aceitar deixar região do Pontal
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO
O líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) José Rainha Jr., 42, disse
ontem que não aceitará sair da região do Pontal do Paranapanema.
Libertado após mais de dois meses preso por crime de formação
de quadrilha, Rainha passou seu
primeiro dia em liberdade recebendo a solidariedade de moradores de Teodoro Sampaio.
Em entrevista à Agência Folha,
Rainha disse estar contrariado
com a divulgação, no período em
que esteve preso, do fato de que
ele estava suspenso da direção do
MST. Ganhou força, no MST, a
hipótese de que Rainha deveria
deixar o Pontal. Só neste ano, Rainha envolveu-se em conflito com
prefeito de cidade, foi baleado durante invasão de terra e foi preso.
Para o advogado e deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh, ele poderia
sair do Pontal temporariamente.
Agência Folha - Enquanto esteve
preso, o sr. acompanhou o noticiário de sua suspensão. Há setores do
MST e pessoas ligadas ao movimento que defendem que o sr. se
afaste do Pontal. Como vê isso?
José Rainha Jr. - Olha, estou à
disposição da luta dos trabalhadores pela reforma agrária em
qualquer lugar. Sou do Nordeste,
estou no Pontal e é um dever revolucionário lutar por justiça social em qualquer lugar. Estou à
disposição, mas não aceito imposição. Não vou aceitar imposição
de ninguém para deixar a luta no
Pontal. Existe um processo histórico do qual participo, são 11 anos
de luta, mais de 6.000 famílias assentadas. Não vou deixar essa
gente na mão.
Agência Folha - O sr. vê coincidência no fato de que suas prisões
acontecem sempre em época de
eleições presidenciais?
Rainha - Não existe coincidência. O fato é que dei representatividade ao Pontal. Não só nacionalmente, como internacionalmente. Um conflito na região repercute no mundo. Não é por acaso que o Estado tente sempre me
tirar de circulação em época eleitoral. Isso vai mudar com Lula.
Agência Folha - Num governo Lula, o sr. não crê que possa ocorrer
um acirramento das tensões entre
sem-terra e fazendeiros na região?
Rainha - Eu não creio porque a
direita arcaica do Pontal não tem
representatividade e nós lutamos
por terras devolutas. Lula vai garantir essas terras devolutas para
o povo e não vamos cair na jogada
da extrema direita. Vamos administrar com responsabilidade as
tensões, vamos evitar os conflitos
e, principalmente, vamos dar credibilidade ao governo Lula.
Agência Folha - O MST deve participar do governo Lula?
Rainha - Não. O MST, enquanto
movimento social, vai continuar
sua luta. Mas, por isso mesmo, vai
ser muito mais útil ao governo
Lula como movimento social do
que participando em cargos. Agora, se me perguntarem, acho que
o MST deve ajudar na indicação
de nomes, de pessoas representativas para atuar no governo Lula.
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