São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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PT X PT

Posição de Heloísa Helena contra indicação para o BC deixa partido exposto

Genoino tenta evitar crise interna

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No primeiro conflito com a esquerda petista, o novo presidente nacional do PT, José Genoino, tentará evitar punições, em especial à senadora Heloisa Helena (AL), que afirma que votará contra a indicação do ex-executivo financeiro Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central.
"Não vou exercer a presidência com medidas punitivas. Acredito na política e no poder de convencimento. Num momento como o atual, nenhuma companheira, nenhum companheiro pode criar dificuldades para o presidente Lula", disse, antes da diplomação do presidente eleito ontem em Brasília.
Heloísa Helena, da tendência petista de esquerda Democracia Socialista, é uma das duas integrantes do partido na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que deve sabatinar Henrique Meirelles na próxima terça-feira. São quase nulas as chances de o Senado não aprovar o nome dele, mas Heloísa Helena anunciou que votará contra.
Nesta semana, haverá reuniões de Genoino com as novas bancadas na Câmara e no Senado para discutir o comportamento dos parlamentares no Congresso.
Ocorrerá ainda um encontro da Executiva Nacional do PT, que pode obrigar os parlamentares a votar a favor de Henrique Meirelles. Se contrariar uma decisão partidária, Heloísa Helena pode até ser expulsa.

Elo com o PSDB
Genoino, que assumiu a presidência do PT há uma semana, comentou ainda o fato de dois ministros de Lula -Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura)- serem ligados a tucanos.
"Se os dois ministros que apoiaram José Serra [candidato derrotado do PSDB à Presidência] estão no governo, isso mostra que o PT é um partido mais competente, mais amplo e mais democrático", declarou.
Genoino afirmou que marcou para semana que vem uma reunião com o presidente nacional do PSDB, José Aníbal.
"Mesmo na oposição, temos assuntos de interesse comum, como a reforma política e pontos da reforma previdenciária, por exemplo", disse.
Outra negociação em curso é com o PL, que gostaria de ter mais de um ministério no governo Lula: "Não está tão difícil quanto a vida do brasileiro, mas está difícil. Se derem para nós um ministério já está muito bom. Já temos o vice-presidente da República, o PL está bem", declarou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.


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