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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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CASO SANTO ANDRÉ

Advogados de empresário decidem esperar julgamento do habeas corpus e querem fim do sigilo do processo

Defesa desiste de recorrer de prisão de Gomes

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Sérgio Gomes da Silva -denunciado como um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel (PT), então prefeito de Santo André, em janeiro de 2002- deverá passar o Natal e o Ano Novo numa cela com outros 11 presos na cadeia pública de Juquitiba (Grande São Paulo).
Seus advogados afirmaram que não irão recorrer da prisão preventiva decretada contra Gomes da Silva na última quinta-feira. O pedido de habeas corpus impetrado pela defesa para libertar o empresário poderá demorar, na melhor das hipóteses, pelo menos 20 dias até ser julgado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
"Vamos esperar a decisão do tribunal. Por enquanto, não cabem mais recursos", afirmou o defensor Adriano Vanni.
A cela onde está o empresário abriga presos considerados de baixa periculosidade, em sua maioria detidos por crimes administrativos, como falta de pagamento de pensão alimentícia.
Após uma visita de aproximadamente 30 minutos na cadeia, os advogados de Sérgio Gomes da Silva afirmaram que seu cliente confia na Justiça e em provar sua inocência sobre o caso.
O crime começou na noite de 18 de janeiro do ano passado, quando o prefeito voltava de um jantar com Gomes da Silva. Daniel foi sequestrado após três carros interceptarem a Pajero em que estava. Dois dias depois, o prefeito foi encontrado morto a tiros e com sinais de tortura em uma estrada de terra em Juquitiba.
Na denúncia, os promotores criminais de Santo André acusam Gomes da Silva de ter contratado a quadrilha e simulado o sequestro. Com a morte de Daniel, o empresário poderia manter um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André, argumentam os promotores.

Transparência
O único instrumento jurídico a que os dois advogados do empresário, Adriano Vanni e Roberto Podval, pretendem recorrer por enquanto é um pedido de quebra de sigilo do processo -o bloqueio havia sido solicitado por eles no início das investigações para preservar o cliente do vazamento de informações.
Os advogados, no entanto, afirmaram que, apesar do sigilo imposto judicialmente, declarações sigilosas continuaram sendo repassadas à imprensa.
Segundo Podval e Vanni, o acesso livre ao processo irá beneficiar Gomes da Silva, já que, para eles, a Promotoria não tem provas do envolvimento do empresário no assassinato de Daniel.
Antes de pedir a quebra do sigilo, a defesa irá analisar o inteiro teor do processo que corre contra Gomes da Silva por homicídio triplamente qualificado. Os advogados pretendem ir hoje a Juquitiba para retirar uma cópia integral do processo.
"Mas o nosso entendimento é de pedir a quebra do sigilo das investigações", afirmou Podval.
A família de Celso Daniel já havia feito o mesmo pedido ao juiz da 1ª Vara da Comarca de Juquitiba, Luiz Fernando Migliori Prestes, na semana passada. Sob a alegação de que o caso envolve outras investigações paralelas, o juiz estadual não deferiu o pedido dos familiares.
A Promotoria criminal de Santo André, que denunciou o empresário, informou que a apuração sobre o assassinato de Celso Daniel irá prosseguir. Os promotores acreditam que Gomes da Silva não foi o único a arquitetar a morte do prefeito. Para eles, outros nomes poderão surgir no decorrer das investigações.


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