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Lula diz que povo não precisa de "intermediário" em eleição
Presidente chora ao ser diplomado e agradece aos "humildes" que não o abandonaram
Petista cita aqueles que o ajudaram nas eleições e nas diferentes crises da gestão e diz que responsabilidade será maior no 2º mandato
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao ser diplomado ontem pelo
TSE como primeiro presidente
da República com contas reprovadas pelo tribunal, o petista Luiz Inácio Lula da Silva
agradeceu, aos prantos, aqueles
que o ajudaram nos momentos
"muito difíceis" de sua primeira gestão e disse que a população não precisou de "intermediários" para reelegê-lo.
No plenário do Tribunal Superior Eleitoral, após receber o
diploma para seu segundo
mandato, Lula fez um rápido
discurso.
De improviso, se emocionou
ao lembrar dos mais "humildes" e disse que o "povo brasileiro deu uma lição para o Brasil" nas últimas eleições.
"Quero agradecer a compreensão do povo brasileiro,
que em momentos muito difíceis, em momentos muito...
[começa a chorar e é aplaudido]. Eu deveria ter parado no
texto [provoca risos]. Mas eu
queria dizer que em momentos
muito difíceis, eu acho que o
povo mais humilde do Brasil
deu uma lição pro Brasil [ainda
chorando], o povo mais humilde não precisou de intermediário pra dizer a ele o que fazer no
processo eleitoral. Ele assumiu
a responsabilidade de dizer em
alto e bom som, sem intermediação: "Eu quero votar do jeito
que eu sei votar". E foi isso que
garantiu a vitória de José Alencar e de Lula", afirmou o presidente, repetindo o que ocorrera
na diplomação de 2002, quando chorou ao lembrar que um
torneiro mecânico havia chegado à Presidência da República.
Em tom de desabafo e sob
aplausos de um grupo restrito
de convidados, a maioria de ministros, Lula manteve o trecho
improvisado de sua fala dedicada aos seus eleitores.
Ainda com a voz embargada,
afirmou: "Acabou-se o tempo
do voto de cabresto neste país.
Acabou o tempo em que o povo
ia perguntar o que fazer na época da eleição, como votar."
O discurso emocionado
aconteceu poucos minutos depois de Lula dizer que não iria
se emocionar, porque está
"quatro anos mais velho" que
em 2002.
"Naquele [momento] eu ainda tinha um sonho, e nesse eu já
sei que a responsabilidade do
segundo mandato é infinitamente maior do que a do primeiro", disse o presidente.
Segundo o petista, os brasileiros estão mais "inteligentes"
e "conscientes".
Lula disse ainda que seu primeiro mandato foi "uma boa
aventura" e que o próximo governo levará a marca da "legitimidade". "Se no primeiro mandato era uma boa aventura de
provar que nós tínhamos competência para governo o Brasil,
o segundo mandato é a comprovação da legitimidade conquistada e que nos foi dada pelo
povo brasileiro."
Lula recebeu o diploma das
mãos do presidente do TSE,
Marco Aurélio de Mello, um
dos quatro ministros do tribunal que, na madrugada de anteontem, votaram pela rejeição
das contas do comitê financeiro do presidente Lula.
"Sejam felizes os diplomados
na empreitada que se avizinha", disse Mello, sem fazer
menção à rejeição.
O caso das contas seguiu ao
procurador-geral da República,
Antonio Fernando de Souza,
que deve arquivar o processo,
sob argumento de que não houve abuso do poder econômico.
A rejeição das contas do comitê nacional petista ocorreu
por conta de uma doação de R$
10 mil vedada pela lei.
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