São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Lula diz que povo não precisa de "intermediário" em eleição

Presidente chora ao ser diplomado e agradece aos "humildes" que não o abandonaram

Petista cita aqueles que o ajudaram nas eleições e nas diferentes crises da gestão e diz que responsabilidade será maior no 2º mandato


EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao ser diplomado ontem pelo TSE como primeiro presidente da República com contas reprovadas pelo tribunal, o petista Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu, aos prantos, aqueles que o ajudaram nos momentos "muito difíceis" de sua primeira gestão e disse que a população não precisou de "intermediários" para reelegê-lo.
No plenário do Tribunal Superior Eleitoral, após receber o diploma para seu segundo mandato, Lula fez um rápido discurso.
De improviso, se emocionou ao lembrar dos mais "humildes" e disse que o "povo brasileiro deu uma lição para o Brasil" nas últimas eleições.
"Quero agradecer a compreensão do povo brasileiro, que em momentos muito difíceis, em momentos muito... [começa a chorar e é aplaudido]. Eu deveria ter parado no texto [provoca risos]. Mas eu queria dizer que em momentos muito difíceis, eu acho que o povo mais humilde do Brasil deu uma lição pro Brasil [ainda chorando], o povo mais humilde não precisou de intermediário pra dizer a ele o que fazer no processo eleitoral. Ele assumiu a responsabilidade de dizer em alto e bom som, sem intermediação: "Eu quero votar do jeito que eu sei votar". E foi isso que garantiu a vitória de José Alencar e de Lula", afirmou o presidente, repetindo o que ocorrera na diplomação de 2002, quando chorou ao lembrar que um torneiro mecânico havia chegado à Presidência da República.
Em tom de desabafo e sob aplausos de um grupo restrito de convidados, a maioria de ministros, Lula manteve o trecho improvisado de sua fala dedicada aos seus eleitores.
Ainda com a voz embargada, afirmou: "Acabou-se o tempo do voto de cabresto neste país. Acabou o tempo em que o povo ia perguntar o que fazer na época da eleição, como votar."
O discurso emocionado aconteceu poucos minutos depois de Lula dizer que não iria se emocionar, porque está "quatro anos mais velho" que em 2002.
"Naquele [momento] eu ainda tinha um sonho, e nesse eu já sei que a responsabilidade do segundo mandato é infinitamente maior do que a do primeiro", disse o presidente.
Segundo o petista, os brasileiros estão mais "inteligentes" e "conscientes".
Lula disse ainda que seu primeiro mandato foi "uma boa aventura" e que o próximo governo levará a marca da "legitimidade". "Se no primeiro mandato era uma boa aventura de provar que nós tínhamos competência para governo o Brasil, o segundo mandato é a comprovação da legitimidade conquistada e que nos foi dada pelo povo brasileiro."
Lula recebeu o diploma das mãos do presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, um dos quatro ministros do tribunal que, na madrugada de anteontem, votaram pela rejeição das contas do comitê financeiro do presidente Lula.
"Sejam felizes os diplomados na empreitada que se avizinha", disse Mello, sem fazer menção à rejeição.
O caso das contas seguiu ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que deve arquivar o processo, sob argumento de que não houve abuso do poder econômico.
A rejeição das contas do comitê nacional petista ocorreu por conta de uma doação de R$ 10 mil vedada pela lei.


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