São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

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Arruda antecipa salários para esfriar crise

Pacote de benefícios anunciado pelo governador do DF para o Natal vai custar R$ 248 milhões e beneficiar 72 mil funcionários

Cerca de 60 auxiliares do governador participaram da 1ª reunião do secretariado de Arruda após o estouro da Operação Caixa de Pandora


Lula Marques/Folha Imagem
O governador do DF, José Roberto Arruda (sem partido), promove a primeira reunião de seu secretariado desde o início da crise

FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira reunião com seu secretariado após o estouro do mensalão do DEM, o governador José Roberto Arruda (sem partido) anunciou ontem um pacote de bondades para as compras de Natal, numa tentativa de esfriar ainda mais a crise política: mandou antecipar salários de servidores e pagar as gratificações de "risco de vida" para os policiais militares e bombeiros.
O pacote vai beneficiar 72 mil funcionários, entre servidores e militares. No total, Arruda vai injetar R$ 248 milhões na economia local às vésperas das festas de fim de ano. O salário cairia nas contas no dia 30 deste mês . Entrará agora na próxima sexta. Arruda pediu ainda que nenhuma obra seja paralisada, nem mesmo nos fins de semana e nos feriados de fim do ano.
"Todos os prazos previstos nos cronogramas estão rigorosamente em dia. As obras vão continuar em ritmo acelerado", diz a nota distribuída à imprensa. Nos últimos dias, Arruda tem arriscado algumas visitas a canteiros de obras para transmitir a imagem de que o ritmo do governo está inabalado mesmo com a crise.

60 auxiliares
Após 18 dias da deflagração da Operação Caixa de Pandora, cerca de 60 auxiliares, entre assessores e secretários, participaram do encontro, numa tentativa de retomar os trabalhos e demonstrar unidade.
O vice-governador, Paulo Octávio (DEM), citado em gravações sobre arrecadação e pagamento de propina e que, por ora, aparece como possível candidato do partido à sucessão de Arruda, não participou do encontro de ontem.
Na reunião, Arruda evitou tratar com os secretários sobre as denúncias de distribuição de propinas e desvios nas licitações das secretarias. No pouco que falou sobre o caso, o governador pediu aos aliados para que, mesmo diante da crise, nada seja interrompido até o final de seu mandato, em 2010.
O objetivo de Arruda é cumprir as promessas de campanha para sustentar a versão segundo a qual as denúncias contra ele seriam uma manobra de adversários para desmobilizar o governo em ano eleitoral.

Novos secretários
No total, 14 dos 23 cargos de primeiro escalão foram trocados. Dos 12 novos secretários, metade está ocupada agora com antigos secretários-adjuntos. Cinco partidos deixaram a base aliada de Arruda: PSDB, PMDB, PPS, PDT e PV.
A primeira baixa do secretariado de Arruda veio no mesmo dia da deflagração da crise. Durval Barbosa, então secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, foi afastado pelo governador. Por meio de vídeos gravados por ele mesmo, Barbosa denunciou o esquema de arrecadação e pagamento de propina no governo.
O governador manobrou a saída de três secretários para que eles pudessem reforçar a base aliada na Câmara Legislativa, que avaliará os pedidos de impeachment contra Arruda. Na Casa, o grupo de apoio de Arruda ficou incerto desde o escândalo dos vídeos da Operação Caixa de Pandora.
Um dos novos secretários é Jaime Alarcão (Obras), que era adjunto do presidente do PSDB do DF, Márcio Machado. Apesar de o partido ter pedido que todos os filiados deixassem o governo do DF, Alarcão preferiu sair do PSDB para continuar na secretaria. A pasta é responsável por mais de 2.000 obras, a maioria programada para ser entregue às vésperas da eleição do ano que vem. Durante toda a crise, Arruda sempre fez questão de enfatizar que as obras não podem parar.


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