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CONGRESSO
José Dirceu vai a senadores para postergar encontro marcado por Renan Calheiros para escolher nome à presidência da Casa
Planalto age para adiar reunião do PMDB
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto interferiu
diretamente na bancada de senadores do PMDB, nas últimas 48
horas, para tentar adiar a reunião
marcada para as 11h de hoje pelo
líder Renan Calheiros (AL) com o
objetivo de escolher o candidato
do partido a presidente do Senado. Em telefonemas a senadores
eleitos, o ministro José Dirceu
(Casa Civil) disse que a antecipação da reunião significava um enfrentamento com o governo.
O esvaziamento da reunião de
hoje foi articulado em conjunto
com o senador José Sarney
(PMDB-AP), que disputa com o
líder a indicação da bancada. Sarney, que tem a preferência do presidente Lula, avisou que faltará ao
encontro. "A reunião é uma precipitação e foi marcada sem consultar ninguém. Grande parte dos
senadores não vai comparecer",
afirmou Sarney.
A argumentação de Dirceu convenceu simpáticos a Renan até
então, como o senador eleito Sérgio Cabral (RJ). Após falar com o
ministro, ele telefonou a Renan
dizendo que não irá à reunião e
sugeriu manter a data inicial de 30
de janeiro. "O adiamento evitaria
uma escolha litigiosa. Não é bom
para o PMDB estar dividido. A situação de confronto interno não
interessa a ninguém. O PMDB
tem de entender a preocupação
do governo com a governabilidade", disse Cabral.
Alberto Silva (PI), antigo aliado
de Renan, avisou que não irá à
reunião devido a "compromissos
inadiáveis". Amir Lando (RO),
outro pró-Renan, após conversa
com Dirceu, disse que irá à reunião propor um "entendimento".
Até o início da noite de ontem,
Renan mantinha a convocação
para hoje, mas a incógnita era se
haveria quórum. Ele esperava,
quando convocou o encontro, a
presença de ao menos 15 senadores, mas a cúpula do PMDB já admitia que a pressão exercida pelo
governo pode surtir efeito.
A bancada tem 20 senadores e é
necessária a presença de no mínimo metade mais um. Nenhum
dos dois lados tinha segurança de
ter maioria. Aliados de Sarney
contabilizavam 11 ausentes. Renan, no final da tarde, diminuiu a
expectativa inicial de presença para 12 senadores.
Reunidos à noite na casa do
atual presidente do senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), integrantes da cúpula do senador voltaram a ligar para os Estados na
tentativa de aumentar o número
de presentes na reunião. A cúpula
do PMDB esperava a presença de
13 a 14 senadores.
Por meio da assessoria de Dirceu, a Folha tentou obter uma posição do ministro sobre a disputa
no PMDB, mas não havia obtido
resposta até as 19h.
Incomodado pelos sinais petistas a favor de Sarney, Renan decidiu antecipar a escolha da bancada para forçar o governo a assumir publicamente sua preferência
ou a apoiar o senador escolhido
pela bancada. O líder, hoje, corre
o risco de ser vítima de sua articulação, se a reunião for esvaziada.
O senador eleito Hélio Costa
(MG), aliado de Sarney, assume
que apóia o ex-presidente atendendo ao Planalto. "O governo vê
na candidatura Sarney maior estabilidade na relação com o Congresso. Não posso ir contra a preferência do governo", disse ele,
que apoiou Lula na campanha.
Sarney confirmou a reunião de
amanhã em João Pessoa (PB) da
ala do PMDB que se opõe à atual
cúpula partidária e defende apoio
a Lula. "Vamos discutir de que
maneira podemos reconstruir a
relação com o governo e buscar a
unidade do partido."
Colaborou RAYMUNDO COSTA, da Sucursal de Brasília
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