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São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 2003

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Banco suíço achou remessa em auditoria

DA REPORTAGEM LOCAL

O banco suíço UBP (Union Bancaire Privé) suspeitou da remessa ilegal de recursos supostamente pertencentes a oito fiscais do Rio de Janeiro ao fazer uma auditoria no Discount Bank and Trust Company, comprado pelo UBP no ano passado. Essa é a versão divulgada ontem pelo banco.
A legislação suíça obriga os bancos a manterem controle sobre a origem do dinheiro depositado por seus correntistas.
Eles também são obrigados a notificar os órgãos de controle de lavagem de dinheiro do país quando suspeitam que os recursos depositados possam ter origem ilícita, segundo as leis suíças.
Sonegação fiscal e evasão de divisas não são crimes no país alpino, que os considera apenas delitos administrativos.
Se as autoridades suíças descobrirem, sem que o banco tenha feito notificação do fato, que alguém tenha dinheiro ilegal depositado em um banco suíço, os diretores do banco podem ser processados por colaboração com a lavagem de dinheiro. Se condenados, eles podem ser presos.
Por isso, sempre que um banco compra outro, o primeiro passo é contratar uma empresa de auditoria para que ela verifique a licitude da origem do dinheiro depositado pelos clientes.
Foi o que fez o UBP ao comprar o Discount Bank -apenas um procedimento padrão.

Suspeitas
Michael Wyler, um dos diretores do UBP em Genebra, confirmou ontem à Folha que os auditores acharam "estranhas" as remessas de dinheiro em nome dos fiscais do Rio, suspeitaram da origem dos recursos e comunicaram esses fatos ao banco, ainda em junho do ano passado.
"Chamamos os clientes para pedir explicações, mas não ficamos satisfeitos com as explicações deles", afirma Wyler.
A partir daí, o diretor do UBP diz que não pode revelar quais foram os procedimentos adotados pelo banco, em virtude das regras de sigilo impostas pela lei suíça. "Agimos de acordo com a lei."
A Folha apurou, contudo, que o banco fez uma notificação ao Escritório Federal de Justiça da Suíça [em Berna], órgão responsável pelo controle das operações de lavagem de dinheiro no país.
Confirmadas as suspeitas, o escritório enviou o "dossiê" com os documentos sobre o caso para a Procuradoria Geral de Justiça da Suíça [também em Berna], que ganhou competência para atuar em processos de lavagem de dinheiro em virtude de recentes modificações nas leis suíças. Daí, os dados vieram para o Brasil.


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