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Banco suíço achou
remessa em auditoria
DA REPORTAGEM LOCAL
O banco suíço UBP (Union
Bancaire Privé) suspeitou da remessa ilegal de recursos supostamente pertencentes a oito fiscais
do Rio de Janeiro ao fazer uma
auditoria no Discount Bank and
Trust Company, comprado pelo
UBP no ano passado. Essa é a versão divulgada ontem pelo banco.
A legislação suíça obriga os bancos a manterem controle sobre a
origem do dinheiro depositado
por seus correntistas.
Eles também são obrigados a
notificar os órgãos de controle de
lavagem de dinheiro do país
quando suspeitam que os recursos depositados possam ter origem ilícita, segundo as leis suíças.
Sonegação fiscal e evasão de divisas não são crimes no país alpino, que os considera apenas delitos administrativos.
Se as autoridades suíças descobrirem, sem que o banco tenha
feito notificação do fato, que alguém tenha dinheiro ilegal depositado em um banco suíço, os diretores do banco podem ser processados por colaboração com a
lavagem de dinheiro. Se condenados, eles podem ser presos.
Por isso, sempre que um banco
compra outro, o primeiro passo é
contratar uma empresa de auditoria para que ela verifique a licitude da origem do dinheiro depositado pelos clientes.
Foi o que fez o UBP ao comprar
o Discount Bank -apenas um
procedimento padrão.
Suspeitas
Michael Wyler, um dos diretores do UBP em Genebra, confirmou ontem à Folha que os auditores acharam "estranhas" as remessas de dinheiro em nome dos
fiscais do Rio, suspeitaram da origem dos recursos e comunicaram
esses fatos ao banco, ainda em junho do ano passado.
"Chamamos os clientes para pedir explicações, mas não ficamos
satisfeitos com as explicações deles", afirma Wyler.
A partir daí, o diretor do UBP
diz que não pode revelar quais foram os procedimentos adotados
pelo banco, em virtude das regras
de sigilo impostas pela lei suíça.
"Agimos de acordo com a lei."
A Folha apurou, contudo, que o
banco fez uma notificação ao Escritório Federal de Justiça da Suíça [em Berna], órgão responsável
pelo controle das operações de lavagem de dinheiro no país.
Confirmadas as suspeitas, o escritório enviou o "dossiê" com os
documentos sobre o caso para a
Procuradoria Geral de Justiça da
Suíça [também em Berna], que
ganhou competência para atuar
em processos de lavagem de dinheiro em virtude de recentes
modificações nas leis suíças. Daí,
os dados vieram para o Brasil.
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