DA AGÊNCIA FOLHA

Coordenador regional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Palmital (centro-oeste do PR) e responsável pelo acampamento com 600 famílias na estrada rural que liga os municípios de Palmital e Laranjal, Elieser Leite, 27, afirma que a criação do PCR (Primeiro Comando Rural), "mostra, claramente, para a opinião pública, quem são os bandidos".
Ele nega que sem-terra tenham disparado contra as propriedades de Mário Klüber e Cristiano de Jesus Ghilardi Crazer. "As trincheiras, homens armados e a criação do PCC [Primeiro Comando da Capital" rural são coisas deles [fazendeiros" e mostram claramente as intenções de provocar conflitos", disse o líder dos sem-terra.
Segundo Leite, o fazendeiro Crazer colocou "pistoleiros" para impedir o direito de ir e vir das pessoas. "Esses pistoleiros revistam quem passa próximo à fazenda, em uma ação totalmente ilegal", disse. As revistas foram negadas por Crazer.
Jaime Coelho, da coordenação estadual do movimento, disse que a organização de acampamentos, em todo o Estado, faz parte de uma "política de lutas do MST".
Coelho disse que os acampamentos facilitam o cadastramento, pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária), das famílias. O Incra deve iniciar o cadastro nos acampamentos já na próxima semana.
A assessoria de imprensa do governador Roberto Requião afirmou que não mudará de posição.
"A simpatia histórica do governador pela causa da reforma agrária não o impede e jamais o impedirá de aplicar a lei para acabar com transgressões, seja de que lado for", disse o porta-voz do governo, Benedito Pires.

Minas Gerais
O governo de Minas Gerais e a Polícia Militar do Estado negam que as liminares de reintegração de posse, quando expedidas pela Justiça, não estejam sendo cumpridas, conforme alegam os produtores. "Não há solicitação judicial que é negada. Não pode ser negada. Toda vez que a Justiça solicita a presença da polícia é automática. A Justiça solicita e acontece", disse o assessor de imprensa da PM, capitão Jedir Rocha.
O secretário extraordinário de reforma agrária de Minas Gerais, Marcelo Guimarães, disse que "não tem fundamento" essa versão dos ruralistas. Segundo ele, sempre que não há acordo na vara de Conflitos Agrários e uma liminar é expedida, a PM cumpre.
Em Minas, há uma decisão da Polícia Militar, formada nos últimos anos, que orienta a tropa a buscar a desocupação pacífica. A força é usada em último caso. As últimas ações têm reforçado essa tese, segundo informou o governo mineiro.
Guimarães disse que em Minas a vara agrária tem conseguido acordos com os proprietários sempre que há invasões, dando tempo ao Incra para tomar suas providências necessárias.
(JOSÉ MASCHIO, MARI TORTATO E PAULO PEIXOTO)

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