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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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Avanço petista irrita aliados nos Estados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O avanço do PT sobre os cargos federais nos Estados incomoda os aliados do governo, que em geral têm de recorrer ao Palácio do Planalto para assegurar uma fatia maior na partilha. O caso mais eloquente ocorreu em Alagoas, mas situações semelhantes se repetem por todo o país.
Ao fazer a partilha dos cargos, o PT de Alagoas reservou para o PSB, partido que governa o Estado, uma diretoria do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca). Sentindo-se desrespeitado, o governador Ronaldo Lessa recusou o cargo. O PSB foi bater às portas de José Dirceu (Casa Civil) e do secretário de Organização do PT, Sílvio Pereira.
A pressão deu resultado. Quinta-feira o PT enviou uma lista ao PSB alagoano com 16 cargos em 11 órgãos federais no Estado. "Saiu da esfera local, o clima mudou. O Lula e o José Dirceu estão conduzindo tudo isso com bom senso", diz Lessa. Para o governador alagoano, a mudança no critério do preenchimento dos cargos por meio do diretório regional do PT favorece o paroquialismo e complica a negociação.
Problema parecido com o de Lessa é vivido pela governadora do Rio Grande do Norte, Vilma Maia (PSB), que se sente excluída do processo. Mas o presidente regional do PT, Fernando Mineiro, diz que até agora o PT só conseguiu nomear efetivamente o delegado Regional do Trabalho. "O que eu posso fazer é chorar junto com a governadora", diz.
No Espírito Santo, o governador Paulo Hartung, do PSB, resolveu não entrar na disputa, mas o partido está se engalfinhando com o PT pela direção da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
O presidente do PT do Ceará, José Airton, é um caso raro de petista derrotado na eleição para o governo estadual que ficou no sereno. O problema é que o PPS tem um líder forte no Estado: Ciro Gomes, ministro da Integração Nacional. O PT queria comandar o Dnocs, mas perdeu o cargo para um ex-integrante do PSB que apoiou Lula desde o primeiro turno. Passou a contentar-se com diretorias do órgão, mas duas delas já foram ocupadas pelo PPS.
No Distrito Federal, a queixa é interna: os parlamentares do PT reclamam que o ministro Cristovam Buarque (Educação) deu preferência aos acadêmicos da UnB (Universidade de Brasília), preterindo-os nos principais cargos do ministério. (OC, LV E RC)


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