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Deputado dá emprego a parentes
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos oito familiares do
corregedor e segundo-vice-presidente da Câmara dos Deputados,
Ciro Nogueira (PP-PI), foram
contratados em cargos de confiança por seu gabinete ou pela
Casa desde 2001. O deputado era
ontem o preferido da bancada e
do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), para assumir a vaga do partido no ministério de Luiz Inácio Lula da Silva.
Outras três pessoas com o mesmo sobrenome do deputado
constam dos registros de funcionários de confiança contratados
pela Casa nos últimos quatro
anos, mas a relação de parentesco
não foi confirmada até o fechamento desta edição.
Trabalharam no gabinete do deputado ou em gabinetes de aliados políticos o pai, a mãe, duas irmãs, um irmão, a mulher, uma filha e um primo. A Folha não conseguiu confirmar quantos ainda
continuam com cargos de confiança na Câmara. A lista tem como base registros públicos das
nomeações e exonerações publicadas pela Casa.
Confrontado com os nomes, o
deputado não quis comentar o caso, afirmando não ver sentido no
interesse pelo tema no momento
em que ele é cotado para um ministério.
Os cargos ocupados pelos familiares de Nogueira têm hoje, em
sua maioria, remunerações que
vão de R$ 1.697 a R$ 7.503.
Além da prática de nepotismo
(contratar parentes para o serviço
público), o deputado está com
parte dos bens bloqueados pela
Justiça devido à acusação de que,
como responsável pela administração dos apartamentos funcionais, causou prejuízo aos cofres
públicos por não ter tomado as
medidas para desalojar ex-deputados que continuaram morando
irregularmente nos imóveis.
Em 1995, a Folha presenciou
um diálogo de Nogueira com um
colega sobre nepotismo. "Vamos
fazer o seguinte: eu coloco a minha mulher no seu gabinete e você coloca a sua no meu, que é para
não dar confusão", disse, na ocasião, o deputado Ari Magalhães
(PP-PI). "Certo", respondeu Nogueira, que afirmou à reportagem
que o diálogo fora fruto da "inexperiência" do colega, negando
que o acordo seria efetivado.
Oito anos depois, a Folha também registrou articulação similar
envolvendo Nogueira. O deputado contratou em 2002 para o seu
gabinete uma irmã e uma cunhada do então primeiro-vice-presidente da Câmara, o hoje senador
Efraim Morais (PFL-PB). Em troca, trabalhavam no gabinete de
Efraim duas irmãs de Nogueira.
A assessoria de imprensa do Senado não respondeu ontem à reportagem até o fechamento desta
edição.
Uma função em que familiares
do hoje corregedor da Câmara
trabalharam no início de 2003 foi
a Coordenação de Programas Especiais da Câmara, que tinha a
função de tratar de funcionários
dependentes químicos.
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