São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Nunca mais

Do JN, em manchete:
- O aniversário da nossa democracia.
Na mesma Globo, de um comentarista:
- Ditadura nunca mais.
À tarde, ao vivo na Globo News, José Sarney, ACM, Marco Maciel, Jorge Bornhausen e outros comemoraram "os 20 anos da democracia".
Ninguém lembrou que o "histórico" 15 de março não assistiu à posse de um presidente eleito pelo voto, mas pelo "colégio". Nem que os protagonistas do aniversário foram os mesmos que articularam e votaram contra as diretas.
 
Na "comemoração", ontem, não faltou nem trecho inédito das memórias de Sarney, sobre o grande 15 de março de 1985, no blog de Ricardo Noblat. Termina com o general Lêonidas Pires Gonçalves:
- Bom dia, presidente.
 
E duas décadas depois a ONG Transparência Brasil encomendou pesquisa em 143 cidades. Resultado, na manchete do Jornal da Band:
- Onze milhões receberam ofertas para vender o voto nas eleições de 2004.
No registro da Globo, 9% dos brasileiros foram abordados por políticos que ofereciam "dinheiro ou algum bem material em troca de voto".

HOLOFOTES

Reprodução
Em programa de meia hora com duas entrevistas ao vivo, de Washington e Ohio, reportagem de um enviado ao Brasil e imagens da devastação na Amazônia (à esq.), a CNN voltou a tratar da morte de Dorothy Stang. Avaliou que "os holofotes sobre o Pará se apagam, mas a batalha pelo futuro da Amazônia continua"

É guerra
Com as derrotas de Geraldo Alckmin e Lula nos respectivos legislativos, o JN carregou no drama, na escalada:
- A guerra política nacional se reflete também na Assembléia Legislativa de São Paulo.
A guerra atinge as campanhas de Lula e Alckmin e favorece seus adversários, inclusive um eventual tucano.
Já o pefelista Cesar Maia pode ter o governo paulista na mão no ano eleitoral, se Alckmin sair, cedendo o cargo ao vice, do PFL. Mas Maia também tem os seus problemas. Primeira manchete do JN, ontem:
- Crise nos hospitais do Rio ganhou mais um problema: o prefeito Cesar Maia demitiu 280 funcionários.

Outros EUA
Como destacou o blog brasileiro de Tiago Dória, saiu mais um prêmio para blogs nos EUA, os "Bloggies". Em política, venceu Wonkette, ou melhor, Ana Marie Cox, a satirista que explora, entre piadas sexuais e palavrões, os bastidores da Washington da George W. Bush.

A mais cara
O Corinthians virou assunto quase diário nos jornais argentinos e de toda a América Latina, por razões óbvias, mas agora chegou ao "New York Times". Sob o título "Retorno do investimento", o diário avaliou ontem que "a equipe mais cara jamais montada" nas Américas começa a dar resultado.

O PETRÓLEO É NOSSO

Reprodução
Ilustração no "FT"
Prosseguia ontem, no "Washington Post", o cerco ao presidente venezuelano, Hugo Chávez. Coisas como "ele assinou acordo recente" para vender petróleo à China ou "ele sugeriu que pode "usar petróleo" para combater o poder americano, em entrevista recente à Al Jazira".
Se o petróleo venezuelano ameaça secar, os olhos se voltam para outras fontes. Segundo o "Financial Times", citando relatório da PFC Energy e da Agência Internacional de Energia, entre projetos de prospecção "há muito aguardados" e que começarão a produzir neste ano estão "várias plataformas no Brasil".
No México, também fornecedor dos EUA, mas em queda, o mesmo relatório causou alarme. Segundo o "El Universal", citando a estatal Pemex, "o México está a ponto de perder para o Brasil a liderança da produção na América Latina". Mais importante, "no curto prazo a indústria petroleira brasileira sairá à caça da porção [de mercado] que o México detém nos EUA".


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