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PMDB vai controlar maior orçamento da Esplanada
Com cinco pastas, ministros do partido administrarão neste ano verbas de R$ 45,3 bi
PT cuidará de R$ 39,7 bi, embora comande mais ministérios; partido de Lula mantém, porém, postos estratégicos, como Fazenda
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora o PT mantenha sua
onipresença nos setores mais
decisivos do governo, a reforma
ministerial deu ao PMDB a
maior fatia das verbas orçamentárias que movimentam o
varejo político.
Segundo levantamento feito
pela Folha, os cinco ministérios peemedebistas têm, no Orçamento deste ano, R$ 45,3 bilhões em despesas sobre as
quais os ministros têm algum
poder de decisão -não entram
na conta gastos com pessoal e
outros de caráter obrigatório e
automático.
Desse volume de dinheiro,
R$ 5,1 bilhões representam
obras e projetos incluídos por
deputados e senadores na lei
orçamentária, normalmente a
pedido de prefeitos e governadores de suas bases eleitorais,
as emendas parlamentares.
A Saúde, sozinha, tem R$
40,6 bilhões em verbas e R$ 3,3
bilhões em emendas. A pasta,
que volta ao comando do partido, é beneficiada por uma
emenda constitucional pela
qual seu orçamento cresce
anualmente conforme o crescimento da economia.
Outro filé mignon do fisiologismo entregue aos peemedebistas é a Integração Nacional,
criada há oito anos para administrar obras de irrigação e infra-estrutura nas regiões menos desenvolvidas -e um destino preferencial das emendas
apresentadas pelas bancadas
do Norte e do Nordeste. É sob
seu guarda-chuva que está a
transposição do rio São Francisco, maior investimento previsto pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Os valores geridos pelo
PMDB superam a soma de recursos dos dez prováveis ministérios do PT e da Presidência da República, onde estão
outros órgãos com status ministerial controlados pelo partido do presidente.
Todo o quinhão petista chega a R$ 39,7 bilhões em despesas discricionárias, dos quais
R$ 4,1 bilhões em emendas
parlamentares -pouco mais de
um quarto delas no esperado
Ministério do Turismo.
Dinheiro e poder
A liderança em verbas orçamentárias não significa, é claro,
que o PMDB tenha se tornado o
partido mais poderoso da Esplanada. Numa analogia com o
capital de uma empresa, o PT
continua com folga no controle
acionário do governo -e, ao
contrário do que chegou a ser
anunciado, não perdeu espaço
com a reforma.
Basta dizer que os petistas
mantêm Fazenda, Planejamento e Casa Civil, o bastante
para, na prática, bloquear, selecionar ou liberar as verbas dos
demais ministérios.
O PT também é forte na área
social, com Educação e Desenvolvimento Social, ganhou a
Justiça e permaneceu com as
pastas estratégicas para as negociações com suas bases -Desenvolvimento Agrário, Trabalho, Meio Ambiente e as secretarias ligadas a direitos humanos, igualdade racial e políticas
para as mulheres.
Por fim, o partido de Lula deve manter influência direta ou
indireta nas principais estatais,
nas quais há mais dinheiro e
menos controles do que no Orçamento da União.
O PMDB, porém, não ganhou
apenas mais verbas de apelo
político na reforma. O recém-obtido Ministério da Agricultura é o canal natural de negociações com a suprapartidária
bancada ruralista, uma das
mais influentes no Congresso.
O Ministério das Comunicações, mantido pelo partido, tem
influência em decisões referentes à concessão de canais de rádio e TV, à implantação da TV
digital no país e à criação, em
estudo, de uma TV estatal. Minas e Energia é candidato natural a ficar com as políticas para
o álcool combustível.
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