São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Procuradores elegem Grella em São Paulo

Candidato de oposição obteve 931 votos, mas ainda precisa do aval de Serra para assumir como procurador-geral do Estado

Se referendado, resultado da eleição representará vitória de grupo dissidente ao do atual procurador-geral de SP, Rodrigo Pinho

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os promotores e procuradores do Estado de São Paulo elegeram ontem Fernando Grella Vieira, 51, como o sucessor do atual procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, há quatro anos no cargo.
Grella foi eleito com 931 votos. Em segundo lugar ficou José Oswaldo Molineiro, 56, com 669 votos e em terceiro, Paulo Afonso Garrido de Paula, 51, com 453 votos.
A posse de Grella depende ainda do aval do governador José Serra (PSDB), que irá indicar um dos três mais votados. Pela tradição, o escolhido é o eleito pela classe.
O resultado de ontem, se confirmado pelo governador, irá representar o fim de doze anos ininterruptos em que o ex-procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Marrey, hoje secretário estadual de Serra, esteve à frente da Procuradoria ou teve um aliado no posto.
"Estou feliz porque o resultado representa a aprovação de uma proposta de mudança, de aprimoramento", disse Grella após o resultado da eleição. "Minha prioridade será trabalhar por uma gestão profissional, tentar dotar as promotorias e procuradorias de estrutura de apoio e informatizá-las para cumprir melhor o nosso papel", disse.
Grella, que defende um Ministério Público suprapartidário, é visto internamente por alguns promotores como ligado ao grupo do antigo oponente de Marrey, o ex-procurador-geral Araldo Dal Pozzo, amigo do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), que deixou o cargo em 1993.
Na disputa, o procurador teve a seu favor a cisão do grupo ligado a Marrey. José Oswaldo Molineiro foi o candidato oficial de Pinho, mas dois assessores do procurador-geral também se lançaram na disputa: José Benedito Tarifa, 55, e Paulo Afonso Garrido de Paula, 51. Grella está no Ministério Público há 23 anos. É secretário da Procuradoria de Justiça Cível e vice-presidente da Associação Paulista do Ministério Público. Já foi secretário-geral da Confederação Nacional do Ministério Público e membro do Conselho Superior do órgão.
Natural de Capivari, ele é casado e tem duas filhas. Pinho continuará no cargo até o dia 28 de março. Durante a campanha, Grella defendeu a abertura para os promotores das eleições internas, para cargos de chefia no Ministério Público, inclusive para procurador-geral -hoje somente os procuradores podem concorrer. Afirmou ainda que irá investir na criação de um banco de dados informatizado, que possa ser acessado por todas as Promotorias, criminais e civis. Disse que, se o órgão não tiver verba para isso, irá buscar financiamento no governo federal.
Outra proposta de campanha é a criação de uma Procuradoria especializada em crimes praticados por prefeitos. Ao contrário do que ocorre hoje, o grupo poderia entrar com uma ação sem ter que submeter o caso ao procurador-geral.


Colaborou LÍGIA MESQUITA , da Redação


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