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Ocupar terra de Dantas é "dever do povo brasileiro", afirma Protógenes em ato
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz defendeu ontem em São Paulo
que "ocupar fazenda de banqueiro bandido é dever do povo brasileiro". Manifestou assim seu apoio à invasão da fazenda Espírito Santo, de propriedade do banqueiro Daniel
Dantas, por 280 militantes do
Movimento dos Sem-Terra
(MST), no último dia 28.
Protógenes foi o coordenador da Operação Satiagraha,
que apurou possíveis ilegalidades cometidas por Daniel
Dantas à frente do Grupo Opportunity. No dia 1º de abril, o
delegado deve comparecer à
CPI dos Grampos da Câmara
para explicar supostos abusos
que teriam ocorrido durante
as investigações. Protógenes
foi afastado do caso.
Segundo o delegado, que
ontem discursou diante de 70
militantes do Movimento
Terra, Trabalho e Liberdade,
ligado ao PSOL, "no dia 1º, o
povo brasileiro vai ver em que
condições essas terras [as da
fazenda Espírito Santo] foram adquiridas", além de saber "quais os interesses escusos por trás disso aí".
O encontro contou com a
participação da presidente
nacional do PSOL e hoje vereadora de Maceió, Heloísa
Helena, que tratou o delegado
todo o tempo por "herói". Alguns ativistas vestiam camiseta amarela com inscrição
em verde "Protógenes contra
a corrupção".
Foi nesse cenário que o delegado convocou os presentes
a organizarem caravanas para, no dia 1º, em Brasília, "exigir a punição daqueles que saquearam os cofres do nosso
país. E para impedir a punição daquele servidor público
federal que cumpriu o seu dever." Falava de si mesmo.
Interrompido por aplausos, prometeu explicar como
se deu a participação no que
chamou de "quadrilha" de cada personagem "que tem relação espúria, corrupta, criminosa com o banqueiro bandido Daniel Dantas".
Em pelo menos sete vezes,
o delegado referiu-se a Daniel
Dantas como o "banqueiro
bandido". E disse que, no Brasil, "falta punição". Mencionou Bernard Madoff, preso
na semana passada depois de
se declarar culpado em um
dos maiores escândalos financeiros dos EUA.
"E o nosso banqueiro aqui?
É homenageado e cortejado",
disse Protógenes.
A defesa de Daniel Dantas
alega que houve irregularidades e atos persecutórios na
investigação conduzida pelo
delegado da PF. Fazendas do
banqueiro no Pará são o alvo
declarado do MST na região.
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