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Seduzidos, prefeitos ouvem Lula explicar MPs
Após ser cobrado por Garibaldi, petista diz que Executivo precisa ter um instrumento para fazer as coisas "andarem mais ágeis"
Na abertura da 11ª Marcha dos Prefeitos, presidente fala por quase 49 minutos e não ouve nenhum prefeito reclamar suas demandas
LETÍCIA SANDER
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em ano de eleições municipais, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva levou um exército
de 19 ministros e cinco interinos para a abertura da 11ª Marcha dos Prefeitos, em Brasília.
Lula prometeu uma série de
medidas, apresentou números
de seu governo e a única crítica
que ouviu partiu do presidente
do Senado, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), que reclamou do
excesso de medidas provisórias
editadas pelo governo.
Garibaldi disse que a atual
política em relação às MPs "denigre" a Casa, "manietada" por
tais medidas. Reconheceu que
não pode se comprometer com
nenhuma data para a votação
de temas de interesse dos prefeitos, como a emenda 29 e a reforma tributária, "porque a
pauta vive trancada".
O presidente do Senado começou o discurso aplaudido,
mas, na medida em que as reclamações cresciam, alguém da
platéia reagiu: "É só trabalhar
cinco dias por semana", gritou
um dos presentes, numa crítica
ao ritmo dos congressistas.
Minutos depois, Lula defendeu a necessidade de o Executivo ter um instrumento para fazer as coisas "andarem mais
ágeis" . "Quero dizer aqui, de
público, que da minha parte,
não há nenhum óbice para que
a Câmara e o Senado possam
regular o funcionamento das
medidas provisórias."
E completou: "Mas eu acho
que entre a vontade de todo
mundo [governo federal, Estados e municípios], nós precisamos encontrar um ponto de
equilíbrio que permita que o
Congresso se sinta confortável
e, ao mesmo tempo, o governo
possa governar este país".
O presidente ironizou o resultado das mudanças implementadas no governo FHC.
"O trancamento de pauta deve ter sido uma invenção de
quem governava o país até
2003. Talvez, na época, achando que fosse melhorar", afirmou. "Devem ter achado que o
trancamento de pauta seria a a
salvação da nação. É assim,
mas, quando as coisas começam a ser praticadas, nem sempre funcionam corretamente."
Livros, cartilhas e revista
Apesar de idealizado por entidades municipalistas, o evento de ontem foi protagonizado
por Lula e sua equipe.
O presidente discursou por
quase 49 minutos e não ouviu
nenhum prefeito reclamar suas
demandas. Estavam presentes
em um hotel de Brasília cerca
de 3.500 a 4.000 pessoas, entre
prefeitos, vereadores e convidados, segundo organizadores.
O governo bombardeou prefeitos com cartilhas sobre investimentos federais, livros do
balanço do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
além de uma revista de 90 páginas com suas realizações.
Presidente da Frente Nacional dos Municípios, o prefeito
de Recife, João Paulo (PT), e o
presidente da Confederação
Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, apresentaram algumas demandas e reclamações, entre elas alterações no
texto da reforma tributária,
mudanças na sistemática de repasses de verbas ligadas a educação e saúde, entre outros.
Ambos, porém, elogiaram Lula
e o chamaram de "o mais municipalista dos presidentes".
Em seu discurso, Lula saudou o que chamou de "nova lógica" na relação entre os entes
federados, na qual os prefeitos
não são "adversários". Sugeriu
uma "tríplice aliança administrativa" para "melhorar a vida
de todo mundo". "Eu aprendi a
tratá-los como companheiros,
e é assim que eu gostaria de ser
reconhecido por vocês. Alguém
que passou pela Presidência da
República e que nunca fez uma
discriminação a qualquer prefeito, independentemente do
partido a que ele pertence."
Ele anunciou benesses como
expansão no valor de R$ 500
milhões na linha de financiamento para aquisição de máquinas. E disse que será enviado projeto de lei que propõe repasse de recursos do transporte
escolar rural de Estados para
cidades, além do compromisso
de ampliar verbas do Programa
Nacional de Apoio ao Transporte Escolar até 2010.
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