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PT nacional desaprova aliança com tucanos em Minas Gerais
Já em encontro da oposição, tucano manifesta incômodo com ações de Aécio
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
A Executiva Nacional do PT
aprovou ontem resolução dizendo estar em "desacordo"
com a decisão do partido em
Belo Horizonte que, domingo,
definiu por ampla maioria
apoiar a coligação com candidato a prefeito do PSB e vice do
PT, apoiada pelos tucanos.
A resolução, segundo apurou
a Folha, é forma de "constranger" o PSDB, fazendo com que
o partido não integre a coligação, dando apenas apoio "informal". A direção insiste que o
PMDB seja incluído na aliança.
A decisão do PT nacional não
é definitiva, mas "uma forte
opinião política de modo a
pressionar para que não haja
coligação formal com o PSDB",
disse um dos integrantes da direção. Dia 24, o PT fará uma
reunião, em Brasília, com os
ministros mineiros, o prefeito
de Belo Horizonte, Fernando
Pimentel (PT), e dirigentes de
Minas para tratar do assunto.
A cúpula petista desautorizou ainda manifestações de filiados favoráveis ao terceiro
mandato para o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão ocorreu um dia após o
prefeito de Recife, João Paulo
(PT), defender a tese em encontro com colegas. Os favoráveis ao terceiro mandato, porém, não sofrerão punição.
Sobre a união PT-PSDB em
Minas, a Executiva Nacional
entende que está "em desacordo com as diretrizes da política
de alianças do diretório nacional" por defender "candidatura
que tem por base consenso
com o PSDB e a participação
deste partido na chapa".
A tentativa de pressionar o
grupo de Pimentel a não se juntar ao PSDB do governador Aécio Neves não foi bem recebida
na capital mineira. Ao ser informado pela Folha dos termos da resolução, o presidente
do PT-BH, Aluísio Marques,
disse que não há resolução municipal posta em papel. "Cadê a
resolução municipal? Essa resolução [da Executiva Nacional] está baseada, então, em
coisa que ouviu falar?", disse
Marques. Procurado, Pimentel
não se pronunciou. Lula estará
em Belo Horizonte amanhã.
Aécio
As atitudes políticas do governador Aécio Neves, que
além de defender a aliança com
o PT em Minas se deixa seduzir
pelo PMDB, provoca constrangimentos entre tucanos. O líder
do PSDB no Senado, Arthur
Virgílio (AM), reclamou de Aécio durante reunião dos partidos de oposição na segunda-feira, em São Paulo. Virgílio
disse que é cômodo ter uma relação amistosa com o governo
federal, diante da popularidade
de Lula. "Tancredo Neves era
habilidoso, mas tinha lado",
disse o senador, segundo participantes da reunião, citando o
avô do governador mineiro.
Procurado pela Folha, Arthur Virgílio recusou-se a falar
sobre a reunião. "Qualquer coisa que eu tenha dito lá não era
para ter vazado", afirmou.
"Ele reclamou de ser o único
a bater no governo e cobrou solidariedade", disse o secretário-geral do PSDB, Rodrigo de Castro (MG), aliado de Aécio.
Em Washington, Aécio elogiou a decisão do PT municipal
sobre a aliança com o PSDB e
criticou especulações sobre o
terceiro mandato. "A tese dos
cinco anos sem reeleição não é
má. Mas, neste momento, vem
cercada de tanta suspeição que
contamina a discussão."
Colaboraram CATIA SEABRA , da Reportagem
Local, e SERGIO DÁVILA , de Washington
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