São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ GUERRA DAS TELES

Banqueiro teria citado pessoas do governo como supostos correntistas fora do país

PF vai ouvir Dantas sobre lista de contas no exterior

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal instaurou ontem inquérito para apurar a denúncia, publicada na última edição da revista "Veja", de que autoridades do governo, entre as quais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manteriam contas bancárias ilegais no exterior.
Segundo a revista, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, está por trás da elaboração da lista, que, além de Lula, é composta pelo ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), pelo diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, pelos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), além do assessor especial da Presidência da República Luiz Gushiken.
Na PF, o assunto já é tratado como "caso DDD", uma referência à investigação sobre a lista dos supostos correntistas como um "Dossiê de Daniel Dantas".
O banqueiro será ouvido pela PF, bem como o jornalista Márcio Aith, que assina a reportagem publicada em "Veja", e o colunista da revista Diogo Mainardi, que entrevistou Dantas.
Em nota divulgada ontem, Dantas afirmou que não encomendou "nenhuma investigação de qualquer natureza sobre atividades ou pessoas do governo federal ou de qualquer autoridade".
Com número 002/2006, o inquérito será presidido pelo delegado Disney Rosseti.
No início da noite, a assessoria de comunicação da PF divulgou nota sobre o caso na qual aponta como foco do inquérito investigar as "denúncias apresentadas contra o diretor-geral" do órgão, "a autenticidade do dossiê apresentado por "Veja" e sua possível origem delituosa".
No sábado, por meio de sua assessoria de imprensa, o diretor-geral da PF informou que o correntista de nome Paulo Lacerda, ao qual a "Veja" faz referência na reportagem, é um homônimo.
Ainda conforme Paulo Lacerda disse por meio de sua assessoria, fato semelhante aconteceu em 1992, durante a CPI da Vasp, quando surgiu pela primeira vez uma conta corrente no exterior associada ao nome de Lacerda.

Sem conta
Em nota divulgada no fim de semana, a PF diz que Lacerda "não tem e jamais teve valores ou bens no exterior, podendo afirmar que nunca realizou operação bancária fora do nosso país, não tendo enviado, depositado ou recebido recurso dessa natureza, em qualquer época, sendo, portanto, uma fraude a existência de suposta conta bancária no estrangeiro".
A assessoria da PF informou ainda que Lacerda enviará ao presidente do inquérito um relatório com esclarecimentos sobre o episódio. Também disponibilizará informações relativas à sua quebra de sigilo bancário.
A revista "Veja" divulgou uma nota a respeito do inquérito da PF: ""Veja" considera curioso que a PF divulgue que vai convocar para depor um de seus editores-executivos e um de seus colunistas sem antes comunicar a revista e os próprios profissionais".

Nota de Dantas
O banqueiro Daniel Dantas também divulgou nota sobre a reportagem da revista "Veja":

"Sobre a matéria da revista "Veja" de 17 de maio de 2006, intitulada "A Guerra nos Porões", tenho a esclarecer que:
1) Não encomendei nenhuma investigação de qualquer natureza sobre atividades ou pessoas do governo federal ou de qualquer autoridade.
2) Nunca me ocupei em preparar dossiês de qualquer natureza. Como também nunca os encomendei a ninguém, a nenhum auxiliar, a nenhum colaborador ou contratado. Se dados foram produzidos no curso de algum procedimento já de conhecimento público, tal sucedeu sem minha autorização.
3)Tive conhecimento do teor de parte dos papéis que serviram à matéria da revista "Veja", mas jamais tive acesso a eles. Manifestei meu descrédito sobre o assunto. Na minha opinião, era e é inverossímil.
4) Não entreguei à revista "Veja", a nenhum repórter, editor, jornalista ou qualquer funcionário como também para nenhum outro veículo de comunicação nacional ou internacional nenhum papel, nenhum arquivo eletrônico, nenhuma informação ou declaração acerca das informações publicadas na citada matéria da revista "Veja".
5) Concedi, em 11 de maio de 2006, entrevista ao colunista Diogo Mainardi. Quanto ao restante das informações colocadas em matéria separada, nada partiu de mim."


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