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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ GUERRA DAS TELES
Banqueiro teria citado pessoas do governo como supostos correntistas fora do país
PF vai ouvir Dantas sobre lista de contas no exterior
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal instaurou ontem inquérito para apurar a denúncia, publicada na última edição da revista "Veja", de que autoridades do governo, entre as quais
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, manteriam contas bancárias ilegais no exterior.
Segundo a revista, o banqueiro
Daniel Dantas, do Opportunity,
está por trás da elaboração da lista, que, além de Lula, é composta
pelo ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça), pelo diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda,
pelos ex-ministros José Dirceu e
Antonio Palocci, pelo senador
Romeu Tuma (PFL-SP), além do
assessor especial da Presidência
da República Luiz Gushiken.
Na PF, o assunto já é tratado como "caso DDD", uma referência à
investigação sobre a lista dos supostos correntistas como um
"Dossiê de Daniel Dantas".
O banqueiro será ouvido pela
PF, bem como o jornalista Márcio
Aith, que assina a reportagem publicada em "Veja", e o colunista
da revista Diogo Mainardi, que
entrevistou Dantas.
Em nota divulgada ontem, Dantas afirmou que não encomendou
"nenhuma investigação de qualquer natureza sobre atividades ou
pessoas do governo federal ou de
qualquer autoridade".
Com número 002/2006, o inquérito será presidido pelo delegado Disney Rosseti.
No início da noite, a assessoria
de comunicação da PF divulgou
nota sobre o caso na qual aponta
como foco do inquérito investigar
as "denúncias apresentadas contra o diretor-geral" do órgão, "a
autenticidade do dossiê apresentado por "Veja" e sua possível origem delituosa".
No sábado, por meio de sua assessoria de imprensa, o diretor-geral da PF informou que o correntista de nome Paulo Lacerda,
ao qual a "Veja" faz referência na
reportagem, é um homônimo.
Ainda conforme Paulo Lacerda
disse por meio de sua assessoria,
fato semelhante aconteceu em
1992, durante a CPI da Vasp,
quando surgiu pela primeira vez
uma conta corrente no exterior
associada ao nome de Lacerda.
Sem conta
Em nota divulgada no fim de semana, a PF diz que Lacerda "não
tem e jamais teve valores ou bens
no exterior, podendo afirmar que
nunca realizou operação bancária
fora do nosso país, não tendo enviado, depositado ou recebido recurso dessa natureza, em qualquer época, sendo, portanto, uma
fraude a existência de suposta
conta bancária no estrangeiro".
A assessoria da PF informou
ainda que Lacerda enviará ao presidente do inquérito um relatório
com esclarecimentos sobre o episódio. Também disponibilizará
informações relativas à sua quebra de sigilo bancário.
A revista "Veja" divulgou uma
nota a respeito do inquérito da
PF: ""Veja" considera curioso que
a PF divulgue que vai convocar
para depor um de seus editores-executivos e um de seus colunistas sem antes comunicar a revista
e os próprios profissionais".
Nota de Dantas
O banqueiro Daniel Dantas
também divulgou nota sobre a reportagem da revista "Veja":
"Sobre a matéria da revista "Veja" de 17 de
maio de 2006, intitulada "A Guerra nos Porões", tenho a esclarecer que:
1) Não encomendei nenhuma investigação de qualquer natureza sobre atividades
ou pessoas do governo federal ou de qualquer autoridade.
2) Nunca me ocupei em preparar dossiês
de qualquer natureza. Como também nunca
os encomendei a ninguém, a nenhum auxiliar, a nenhum colaborador ou contratado.
Se dados foram produzidos no curso de algum procedimento já de conhecimento público, tal sucedeu sem minha autorização.
3)Tive conhecimento do teor de parte dos
papéis que serviram à matéria da revista
"Veja", mas jamais tive acesso a eles. Manifestei meu descrédito sobre o assunto. Na
minha opinião, era e é inverossímil.
4) Não entreguei à revista "Veja", a nenhum repórter, editor, jornalista ou qualquer funcionário como também para nenhum outro veículo de comunicação nacional ou internacional nenhum papel, nenhum
arquivo eletrônico, nenhuma informação ou
declaração acerca das informações publicadas na citada matéria da revista "Veja".
5) Concedi, em 11 de maio de 2006, entrevista ao colunista Diogo Mainardi. Quanto
ao restante das informações colocadas em
matéria separada, nada partiu de mim."
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