DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois dias após a divulgação, pela revista "Veja", de uma denúncia de que ele e outros integrantes de seu governo manteriam contas bancárias no exterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "no Brasil nós temos uma cultura disseminada na cabeça de todo mundo de que todos são desonestos até prova em contrário".
O presidente Lula lançou a indireta ontem à noite, quando falava sobre as dificuldades que as cooperativas têm de conseguir crédito oficial, durante evento voltado para a área. Segundo o presidente, até quando o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estuda aumentar os recursos para as cooperativas, "há sempre essa dúvida".
Ainda segundo o presidente, em geral não se parte do princípio oposto: "A gente não pensa diferente: todos são honestos até prova em contrário", afirmou. "Se a gente parte do pressuposto de que as pessoas não vão pagar e exige garantias que as pessoas não podem dar antes de fazer o financiamento, fica tudo parado", disse.
No sábado, quando a "Veja" chegou às bancas, Lula acusou a revista de ter atingido o "limite da podridão": "A "Veja" vem assim há algum tempo. Não é de hoje, não, mas acho que ela chegou ao limite da podridão da imprensa. Não sei se o jornalista que escreve uma matéria daquelas tem a dignidade de dizer que é jornalista. Poderia dizer que é bandido, mau caráter, malfeitor, mentiroso".
Lula não especificou a quem estava se referindo. A entrevista do dono do banco Opportunity, Daniel Dantas, citado como fonte da informação sobre a conta, foi concedida ao colunista Diogo Mainardi. Já a reportagem sobre o caso foi escrita pelo jornalista Marcio Aith. Ontem, questionada pela Folha sobre o alvo das críticas do presidente, a assessoria de imprensa do Planalto não respondeu. A Folha apurou que assessores do presidente acreditam que ele se referia a Diogo Mainardi. Até a noite, o governo não confirmou se recorreu à Justiça, como prometera o ministro Tarso Genro (Relações Instituticionais).
Ontem, Lula disse ainda que sobra dinheiro no Brasil hoje. "Se houve um tempo em que o Brasil tinha problema de falta de dinheiro, hoje nós não temos problemas de falta de dinheiro. O Sebrae tem, mas não gasta tudo que tem. Mas a verdade é que nós temos muito dinheiro, no BNDES, no Banco do Brasil", disse, a poucos metros do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, investigado no Congresso.


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