São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS

Suassuna usará tribuna do Senado para negar suspeita de envolvimento em esquema de desvio

Senador afirma que pagou 82 ambulâncias

Lula Marques -11.mai.06/Folha Imagem
O senador Ney Suassuna, acusado de participação em esquema


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após manter o silêncio na semana passada, o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), disse que usará a tribuna da Casa hoje para negar participação no esquema de desvio de recursos do Orçamento e dizer que já comprou, com dinheiro do próprio bolso, 82 ambulâncias na legislatura anterior. Suassuna é investigado na Operação Sanguessuga, da Polícia Federal.
Suassuna foi o único senador citado pela ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino à PF. Ela foi presa na operação.
O senador dirá, no pronunciamento, que tem boa condição financeira e por isso, no passado, já bancou a compra das 82 ambulâncias. Ele não detalhou qual o tipo de ambulância comprou e nem quanto gastou.
No atual mandato, ele participou do processo de alocação de recursos para a compra de 29 ambulâncias, sendo 13 delas adquiridas da empresa Planam, que, segundo a PF, é suspeita de comandar o esquema de fraude.
O nome de Suassuna aparece estampado em ambulâncias adquiridas por prefeituras paraibanas. "Apoio: sen. Ney Suassuna", aparece pintado nas portas dos carros.
A ex-assessora da Saúde afirmou que Suassuna recebeu "propina" do esquema, que estaria instalado no Congresso há pelo menos seis anos e teria girado mais de R$ 100 milhões em recursos públicos. Segundo ela, Suassuna também interferiu no valor da liberação de uma verba do ministério, em dezembro de 2005, que passou de R$ 1,6 milhão para R$ 3,5 milhões.

Valor "justo"
No pronunciamento previsto para hoje, Suassuna afirmará que o valor de aquisição das ambulâncias compradas nesta legislatura -R$ 80 mil cada- é justo e não houve superfaturamento.
O valor representa o limite legal para a contratação de empresas sem tomada de preço. Uma das suspeitas da Polícia Federal é que as ambulâncias eram compradas a preços superfaturados para que uma parte fosse distribuída entre os fraudadores.
"Amanhã [hoje] farei uso da palavras às 15h para falar da questão das ambulâncias. Com toda certeza os senhores verão que merece nossa reflexão", disse o peemedebista na tribuna.
Suassuna pretende também atribuir eventuais irregularidades que possam ser descobertas nos processos de compra das ambulâncias ao ex-assessor Marcelo Carvalho. "Eu não respondo por ele", disse Suassuna, recusando-se a dar entrevista.
(SILVIO NAVARRO)


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