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Juiz relata tentativa de suborno no
Supremo
JOSÉ MASCHIO
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
Integrantes da quadrilha presa
na Operação Sanguessuga tentaram subornar a assessoria da presidência do Supremo Tribunal
Federal, segundo o juiz federal Jeferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Cuiabá (MT). A tentativa
de suborno é uma das justificativas apresentadas pelo juiz para
decretar a prisão preventiva de 44
suspeitos de participar da fraude.
Em seu despacho, o juiz cita textualmente a tentativa de suborno.
Não foi possível identificar os responsáveis pela tentativa de suborno, que são citados nos autos do
processo, que corre em segredo
de Justiça. "Impõem-se, ainda, registrar, a tentativa de suborno
ocorrido junto a servidor da assessoria da presidência do Supremo Tribunal Federal com a finalidade de que o presente processo
fosse avocado [conduzido] pela
Corte, a fim de dificultar as investigações", escreveu Schneider.
No despacho o juiz federal não
informa o nome do servidor da
assessoria da presidência do STF
que teria sofrido a tentativa de suborno nem seu ou seus autores.
O juiz afirma que o processo
trata de uma organização "infiltrada nos Três Poderes da República, da qual fazem parte inúmeros servidores e, se comprovado,
dezenas de parlamentares (...) gerando enorme prejuízo ao erário e
sério agravo à credibilidade da
instituições democráticas".
Nos cinco anos investigados pela Polícia e Ministério Público Federal os prejuízos ao erário foram
de R$ 110 milhões. Segundo
Schneider, as investigações começaram com o objetivo de revelar a
existência de crimes de fraudes
em licitação em Mato Grosso:
"No curso da interceptações [telefônicas] constatou- se a participação, em tese, de inúmeros servidores públicos do Poder Legislativo -Câmara Federal e Senado
Federal- e do Poder Executivo
- Ministério da Saúde e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior".
O juiz demonstra que os integrantes da organização utilizavam até empresas legalmente
constituídas para "dar uma aparência de legalidade aos processos
licitatórios" e cita uma empresa
que participava dessas licitações ,
"nas quais invariavelmente era
vencida", mas que depois fornecia veículos às vencedoras.
O advogado da ex-servidora do
Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, Eduardo Mahon, disse
ontem que irá entregar hoje ao
STF uma reclamação pedindo a libertação de sua cliente.
Mahon informou que irá entregar também ao STF o HD (disco
rígido) que identifica todas as
emendas apresentadas, os parlamentares e prefeituras envolvidas
no esquema e o valor da propina
paga a cada um dos envolvidos.
A Secretaria de Comunicação
Social da presidência do STF informou ontem que o gabinete da
ministra Ellen Gracie não recebeu
qualquer informação sobre a
Operação Sanguessuga, incluindo
a referente à tentativa de suborno.
As únicas decisões sobre a Operação Sanguessuga no STF foram
tomadas na semana passada: o
ministro Gilmar Mendes negou
um habeas corpus ao empresário
Darci José Vedoin, suspeito de liderar a quadrilha, e o ministro
Marco Aurélio indeferiu liminar
em uma reclamação proposta por
Nívea Martins de Oliveira Ribeiro, assessora da deputada Elaine
Costa (PTB-RJ), que argumentava que a PF não teria competência
para fazer essa investigação.
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