São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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Lei sobre aborto é inadequada, diz presidente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de dizer anteontem que o governo não proporia um projeto de lei descriminalizando o aborto, o presidente disse ontem que a legislação sobre esse tema "não trata da veracidade dos acontecimentos" e que o Estado tem que dar "tratamento adequado" a quem tem uma gravidez indesejada.

 

CELSO TEIXEIRA (RECORD) - O papa defendeu a excomunhão de políticos que defendam a legalização do aborto. Eu gostaria de saber do sr. qual é o caminho para esse assunto?
LULA -
Como cidadão, sou contra o aborto. Como chefe de Estado, eu sou favorável a que o aborto seja tratado como uma questão de saúde pública. É preciso que o Estado dê atenção a pessoas que tiveram gravidez indesejada. Eu conheço casos de pessoas que perfuraram o útero com agulha de tricô. Eu conheço casos de pessoas que tomaram chá de caroço de abacate. Eu conheço casos de pessoas que colocaram fuligem para ver se abortavam. E essas pessoas terminavam morrendo. Se o Congresso quiser fazer um debate, se os partidos políticos, a sociedade civil, quiserem organizar um debate, todo debate será bem-vindo.

TEIXEIRA - Quando o sr. fala "saúde pública", o sr. acha que deve haver uma legislação sobre o assunto?
LULA -
Já tem legislação. A legislação brasileira já define os casos em que a pessoa pode fazer o aborto. Eu acho que essa legislação não trata da veracidade dos acontecimentos no país... Todo cidadão, católico ou não, cristão ou não, sabe que existe no Brasil uma quantidade exagerada de jovens, de pessoas que praticam abortos, porque tiveram uma gravidez indesejada, não é apenas porque foram violentadas... Quando essas pessoas se encontram nessa situação, o poder público faz o quê? Abandona? Deixa essas pessoas tentarem experiências com o seu pouco conhecimento? Ou o Estado intervém para ajudar essas pessoas a terem um tratamento adequado? Eu defendo que o Estado dê um tratamento adequado.


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