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Delegado da PF acusa pilotos e controle de tráfego em CPI
Renato Sayão sugere abertura de inquérito militar para apurar falhas de controladores
Para delegado, pilotos do Legacy dificilmente seriam condenados, pelo fato de o acidente ser tipificado como crime de homicídio culposo
SILVIO NAVARRO
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No depoimento de estréia da
CPI do Apagão Aéreo, o delegado da Polícia Federal Renato
Sayão afirmou que, apesar de
ter indiciado apenas os pilotos
do Legacy que colidiu com o
Boeing da Gol em 29 de setembro, ele considera que a culpa
pelo acidente "pode ser dividida" com o controle de tráfego
aéreo e sugeriu a abertura de
um inquérito militar para apurar as falhas dos controladores.
"Pode-se dividir a culpa do
acidente entre a falha de navegação do espaço aéreo e a conduta dos pilotos", resumiu.
Em sessão de cerca de cinco
horas, Sayão explicou os motivos que o levaram a concluir
que houve "atentado culposo
contra a segurança do transporte aéreo", crime tipificado
no Código Penal (equivalente
ao homicídio culposo). O inquérito foi encaminhado ao
Ministério Público, a quem cabe apresentar ou não denúncia.
O choque do Legacy da Excel
Air com o Boeing da Gol deixou
154 mortos -o maior desastre
da aviação no país. Os pilotos
do Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, estão nos EUA. Negam
imprudência ou negligência e
culpam as falhas de controle
aéreo. Se fossem condenados,
pegariam de um a 12 anos de
prisão. "Mas o crime é culposo,
dificilmente alguém vai ser
preso por isso", disse Sayão.
Pressionado pela oposição,
Sayão explicou que não aprofundou a investigação sobre os
controladores porque eles são
militares. Mas disse que as regras não foram seguidas pelos
sargentos da Aeronáutica: "A
conduta dos pilotos, por si só, já
seria motivo para o acidente".
Segundo Sayão, os pilotos
"desligaram, de forma não intencional" o transponder
(equipamento que permite o
funcionamento do sistema anticolisão): "O desligamento significa um suicídio".
O delegado revelou uma prova ainda inédita, um interrogatório por telefone com os pilotos, feito pelo comandante do
Cindacta-4 (Manaus) logo depois do pouso do Legacy. Ao
questionar se o sistema anticolisão estava ligado, a resposta
dos pilotos foi não. Em seguida,
eles mudaram a versão, dizendo que o sistema estava ligado.
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