São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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Aos 12, menino vende lanches para ajudar avós

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Com 12 anos, Reinaldo já trabalha como adulto, ajudando os avós no trailer no qual vendem lanches e almoço, na avenida Guido Caloi (zona sul de São Paulo). Ele conta que não fica no local o dia todo. Entra às 8h e sai às 14h45, quando vai à escola.
O menino ainda ajuda os avós servindo pratos e refrigerantes, montando o trailer e as mesas -quando chegam no local de manhã- e descarregando todo tipo de caixas, ferros e outros materiais pesados da Kombi.
Os avós de Reinaldo negam que ele trabalhe no local -alegam que não têm com quem deixá-lo e, por isso, ele os acompanha. No entanto, o garoto sabe de cor os preços dos produtos e mostra-se disposto a atender qualquer pedido dos clientes. As condições de trabalho não são boas. O trailer é pequeno e não tem estrutura de banheiro, por exemplo.
Assim como Reinaldo, Adriana, 8, também passa horas trabalhando para ajudar a família. São seis ao todo, das 15h às 19h. Enquanto a mãe vende pipocas em um semáforo da avenida Chucri Zaidan (zona sul), ela faz malabarismos para conquistar a atenção dos motoristas e ganhar uma média de R$ 5 por dia. Adriana conta que estuda de manhã e que está ali para ajudar a mãe, já que o pai a abandonou e não paga pensão.
Os nomes das crianças citadas nesta reportagem são fictícios, seguindo orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Amazonas
No Amazonas, o Grupo Especial de Combate ao Trabalho Infantil do Ministério do Trabalho e o MPT (Ministério Público do Trabalho) já fizeram neste ano dez blitze para resgatar crianças e adolescentes de ocupações consideradas perigosas.
Das 13 mil crianças e jovens com ocupações perigosas no Estado, segundo o MPT, 7.000 são trabalhadores infantis domésticos. São, na maioria, meninas da zona rural deslocadas para áreas urbanas para serem babás ou empregadas domésticas, trabalhando até 14 horas por dia.
Segundo a auditora fiscal Creuza Batista, coordenadora do grupo especial, o número de crianças com ocupações perigosas cresceu no último ano. Ela acredita que o fato está relacionado à crise financeira do país e ao corte de verbas para os programas sociais do governo. (ISABELLE MOREIRA LIMA e KÁTIA BRASIL)


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