São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Marta teve mais verba e favoreceu SP no Turismo

Petista contou com R$ 4,5 bi em 14 meses, mais do que teve Walfrido em quatro anos

Assessoria nega motivações eleitorais e afirma que ter recursos do ministério "é um avanço para o turismo da cidade" de São Paulo

RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

Nos exatos 14 meses e 11 dias em que comandou o Ministério do Turismo, Marta Suplicy (PT) teve sob sua caneta um orçamento de R$ 4,5 bilhões, valor 27% superior ao que Walfrido dos Mares Guia (PTB), seu antecessor, contou em quatro anos de mandato.
No período de Walfrido, suas Minas Gerais concentraram o maior volume de recursos. Sob Marta, São Paulo foi ao topo. E a prefeitura da capital, que ela tentará reconquistar em outubro, firmou os primeiros quatro convênios de sua história com o ministério.
Responsável por um orçamento de pouco mais de R$ 470 milhões (valores atualizados) em 2003, ano de sua criação, o Ministério do Turismo assumiu musculatura financeira a partir de 2005 (R$ 1,1 bilhão), ainda na gestão de Walfrido, graças a recursos patrocinados por emendas feitas pelos congressistas ao Orçamento.
No último ano completo da gestão Walfrido, em 2006, o orçamento continuou alto (R$ 1,3 bilhão), mas assistiu a novos saltos nos dois anos seguintes, período que abrange a gestão Marta -R$ 1,9 bilhão em 2007, e R$ 2,7 bilhões neste ano, sempre em valores corrigidos.
De 2004 a 2008, Turismo subiu do 17º maior orçamento entre os Ministérios para o 12º.
O ministério negou a existência de motivações eleitorais e afirmou que o fato de São Paulo passar a receber recursos da pasta "é um avanço para o turismo da cidade".
A análise da parte relativa aos investimentos -dinheiro usado para obras como construção de praças, realização de eventos, montagem de sinalização turística, entre outros- mostra que das 50 cidades que obtiveram as maiores destinações de verbas na gestão Marta, 14 são do PT, 28 da base governista e apenas 8 da oposição.
A "campeã" é Olinda (PE), sede da Secretaria de Turismo do Estado, órgão que mais recebeu recursos de convênios.
Há 25 convênios registrados entre o Ministério e a Secretaria de Turismo de Pernambuco (o Estado é administrado pelo PSB) e a prefeitura (PC do B), no valor de R$ 83 milhões.
A Folha pesquisou os 11.502 convênios registrados no Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais) desde 1986 -antes de 2003, o turismo era fundido a outros ministérios. Os dados foram colhidos pelo site Contas Abertas.
Não há registro de convênio entre Prefeitura de São Paulo até Marta assumir. Após sua chegada, foram firmados quatro convênios, totalizando R$ 11,8 milhões.
As obras são para requalificação e revitalização do complexo Anhembi (2ª etapa), implantação de sinalização turística, requalificação e ampliação da área do Palácio das Convenções e qualificação profissional para setores que lidam com turistas. Segundo o Portal da Transparência, R$ 4,4 milhões desse valor já foi liberado.
Já o ranking dos Estados que mais tiveram destinação de recursos na gestão Marta apresenta São Paulo na ponta, com R$ 220,6 milhões, seguido do Ceará, com R$ 179 milhões, e Minas, com R$ 172 milhões.

Outro lado
"São Paulo atualmente é responsável por quase a metade da entrada de turistas no Brasil", afirmou a assessoria do Ministério do Turismo.
"Em 2006, São Paulo recebeu 51,3 % dos mais de 1,4 milhão de turistas que entraram no país motivados por este tipo de viagens", disse a assessoria, acrescentando que "obras como a revitalização do complexo do Anhembi, do Palácio das Convenções, são fundamentais para atrair este tipo de turista".
"Um turista que vem ao Brasil a negócios gasta em média US$ 165,14 por dia, enquanto que o turista a lazer gasta, em média, US$ 73,53."


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