São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Para professor, governo virou "uma comédia"

DA ENVIADA A PORTO ALEGRE

Na opinião de Eduardo Carrion, professor de direito constitucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a falta de legitimidade que o governo gaúcho enfrenta é conseqüência da utilização das piores práticas da política tradicional, como clientelismo e loteamento de cargos. (AF)

 

FOLHA - Como o sr. avalia o atual governo?
EDUARDO CARRION -
O governo transformou-se numa "Commedia Dell'arte" (a comédia italiana de improviso). Uma improvisação, falta de seriedade na escolha de dirigentes. Mas para o povo é um drama. A governadora diz que o vice é um inimigo político, o gabinete de transição entra em crise no segundo dia, o ex-chefe da Casa Civil informa que grande parte dos cargos de chefia públicos estão loteados entre os partidos. Ao invés de "um novo jeito de governar" [slogan de campanha do atual governo], estamos reforçando os aspectos mais perversos e tradicionais da nossa política.

FOLHA - O sr. vê uma saída para este governo?
CARRION -
A grande esperança são as eleições, em dois anos. Eu não vejo perspectiva de inflexão. Há uma crise de legitimidade. Nós temos uma opinião pública politizada no Rio Grande do Sul. Isto é um instrumento de mudança. Não é este ou aquele governo que vai paralisar o Estado.

FOLHA - A crise é favorável para a oposição? Em especial o PT?
CARRION -
A circunstância atual favorece o PT, não só para a disputa para a prefeitura mas ao governo do Estado. Graças ao governo Yeda, o anti-petismo se fragilizou. Num certo sentido, o governo Yeda está ajudando o PT.

FOLHA - Existe uma crise na política gaúcha?
CARRION -
Nós deixamos há algum tempo de formar, com a mesma intensidade, grandes lideranças nacionais. Já fornecemos grandes estadistas. Nos diferenciávamos politicamente em função de uma tradição histórica que remonta ao Castilhismo. Há uma situação de desligitimação da atividade política no Estado, uma mediocridade da classe política.


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