São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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Robson Tuma é suspeito de sonegação por ter comprado casa de R$ 700 mil; valor é incompatível com sua renda

Deputado é alvo de investigação da Receita

DAVID FRIEDLANDER
SANDRA BRASIL

DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado Robson Tuma está sendo investigado pela Receita Federal por indícios de sonegação do Imposto de Renda. O processo de representação fiscal foi instaurado no segundo semestre do ano passado, depois que auditores da Delegacia da Receita em Brasília descobriram que Tuma havia comprado uma casa em Brasília por R$ 700 mil, pagos à vista.
O valor do negócio, segundo a fiscalização, era incompatível com a renda do deputado. Nas declarações de renda apresentadas até 1998, Tuma informou que ganhava em média R$ 100 mil por ano.
Os fiscais também ficaram intrigados ao constatar, na declaração referente a 1998, que Tuma havia recebido R$ 65.745,93 como rendimento de aplicações financeiras feitas no Banco Itaú.
A representação fiscal foi instaurada para averiguar como o deputado, que declarou ganhar em média R$ 100 mil por ano, consegue gastar R$ 700 mil num imóvel e ainda aplicar uma soma de dinheiro capaz de render mais de R$ 65 mil num ano.
Se a renda de Tuma é maior, como ele afirma que é (veja reportagem nesta página), o deputado deveria ter mostrado isso nas declarações entregues ao Leão do Imposto de Renda.
O deputado também diz que o imóvel foi pago em três prestações. Só que a escritura que ele mesmo mandou fazer em cartório informa que o pagamento foi à vista.
Da delegacia de Brasília, a representação fiscal foi encaminhada para a Superintendência da Receita em São Paulo, onde mora o deputado. Procuradas pela Folha, autoridades da Receita não quiseram comentar o assunto, alegando sigilo fiscal. A Folha apurou que até a semana passada o processo ainda estava em curso.

Confisco
Robson Tuma corre ainda o risco de perder a casa, que tem mais de mil metros quadrados de área construída, e fica no Lago Sul, região nobre de Brasília.
O deputado comprou o imóvel do advogado Ricardo Amaro Gonçalves, que está sendo processado por sonegação de impostos e por isso teve parte de seus bens arrolada pela Receita - inclusive a casa vendida a Tuma.
Isso significa que, se o advogado for condenado, o imóvel pode ser confiscado para pagar dívidas fiscais.
Tuma entrou na mira da Receita por acaso. A delegacia de Brasília estava investigando pessoas acusadas de dois crimes: vender certidões negativas falsas usadas por devedores para enganar o Fisco e de montar processos para quitar débitos junto ao INSS com escrituras "frias" de terras.
Essas pessoas foram autuadas e seus bens arrolados pela Receita Federal. Um deles era o dono da casa comprada pelo deputado.
A fiscalização ficou sabendo do negócio por meio de um ofício encaminhado pelo cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis de Brasília. Foi nesse momento que resolveram conferir as declarações de renda do deputado Robson Tuma.


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