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Robson Tuma é suspeito de sonegação por ter comprado casa de R$ 700 mil; valor é incompatível com sua renda
Deputado é alvo de investigação da Receita
DAVID FRIEDLANDER
SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado Robson Tuma está
sendo investigado pela Receita
Federal por indícios de sonegação
do Imposto de Renda. O processo
de representação fiscal foi instaurado no segundo semestre do ano
passado, depois que auditores da
Delegacia da Receita em Brasília
descobriram que Tuma havia
comprado uma casa em Brasília
por R$ 700 mil, pagos à vista.
O valor do negócio, segundo a
fiscalização, era incompatível
com a renda do deputado. Nas
declarações de renda apresentadas até 1998, Tuma informou que
ganhava em média R$ 100 mil por
ano.
Os fiscais também ficaram intrigados ao constatar, na declaração
referente a 1998, que Tuma havia
recebido R$ 65.745,93 como rendimento de aplicações financeiras
feitas no Banco Itaú.
A representação fiscal foi instaurada para averiguar como o
deputado, que declarou ganhar
em média R$ 100 mil por ano,
consegue gastar R$ 700 mil num
imóvel e ainda aplicar uma soma
de dinheiro capaz de render mais
de R$ 65 mil num ano.
Se a renda de Tuma é maior, como ele afirma que é (veja reportagem nesta página), o deputado
deveria ter mostrado isso nas declarações entregues ao Leão do
Imposto de Renda.
O deputado também diz que o
imóvel foi pago em três prestações. Só que a escritura que ele
mesmo mandou fazer em cartório informa que o pagamento foi à
vista.
Da delegacia de Brasília, a representação fiscal foi encaminhada
para a Superintendência da Receita em São Paulo, onde mora o
deputado. Procuradas pela Folha,
autoridades da Receita não quiseram comentar o assunto, alegando sigilo fiscal. A Folha apurou
que até a semana passada o processo ainda estava em curso.
Confisco
Robson Tuma corre ainda o risco de perder a casa, que tem mais
de mil metros quadrados de área
construída, e fica no Lago Sul, região nobre de Brasília.
O deputado comprou o imóvel
do advogado Ricardo Amaro
Gonçalves, que está sendo processado por sonegação de impostos e
por isso teve parte de seus bens arrolada pela Receita - inclusive a
casa vendida a Tuma.
Isso significa que, se o advogado
for condenado, o imóvel pode ser
confiscado para pagar dívidas fiscais.
Tuma entrou na mira da Receita
por acaso. A delegacia de Brasília
estava investigando pessoas acusadas de dois crimes: vender certidões negativas falsas usadas por
devedores para enganar o Fisco e
de montar processos para quitar
débitos junto ao INSS com escrituras "frias" de terras.
Essas pessoas foram autuadas e
seus bens arrolados pela Receita
Federal. Um deles era o dono da
casa comprada pelo deputado.
A fiscalização ficou sabendo do
negócio por meio de um ofício
encaminhado pelo cartório do 1º
Ofício de Registro de Imóveis de
Brasília. Foi nesse momento que
resolveram conferir as declarações de renda do deputado Robson Tuma.
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