São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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"Compadres" iam ao mesmo restaurante

DA REPORTAGEM LOCAL

Um era doleiro; o outro, chefe da Polícia Federal. Mesmo assim se tornaram "compadres".
Essa é a história do doleiro libanês naturalizado brasileiro Habib Salim El Chater e do ex-diretor da PF, atual senador e postulante ao cargo de prefeito de São Paulo, Romeu Tuma.
Na semana passada, a revista "IstoÉ" trouxe trechos de supostas gravações telefônicas do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto em que é mencionada a suposta relação de Tuma com um doleiro.
Em 1990, quando ocupava o posto mais alto na Polícia Federal, Tuma costumava frequentar o restaurante Arabeske em Brasília, de propriedade de Chake Nars.
No mesmo local, funcionava, sem muito disfarce, na sobreloja, uma banca ilegal de compra de venda de dólares.
A proximidade de Tuma com Chake Nars fez com que o então diretor da PF se tornasse padrinho de casamento do irmão do doleiro, Khaleb Nars. A noiva era Kátia El Chater, filha de Habib Salim El Chater.
O casamento aconteceu em agosto de 1990. Dois meses antes, o pai da noiva comprara US$ 200 mil sem saber que o dinheiro era falso. A PF só foi abrir inquérito para investigar o caso em novembro, três meses após o casamento.
A Folha apurou que, mesmo antes de a PF entrar oficialmente no caso, um delegado do órgão chegou a investigar o assunto informalmente, a pedido de El Chater. O "compadre" de Tuma já atuou legalmente no negócio de compra de venda de dólares, mas perdeu a licença do Banco Central devido a irregularidades nas transações. Depois disso, ele partiu para o ramo do câmbio negro, tornando-se um dos doleiros mais conhecidos da capital.
Na mesma época em que a PF investigava a compra de dólares falsos por parte de El Chater, o doleiro se envolveu em outro caso de polícia. O "compadre" de Tuma e o filho -Carlos El Chater- foram presos em flagrante por agentes da PF, sendo apreendidos US$ 29 mil, um revólver calibre 38 e Cr$ 1 milhão, a moeda da época.
O doleiro e o filho foram autuados na Lei do Colarinho Branco. Depois de dois dias de prisão, pagaram fiança e foram liberados. (LUCAS FIGUEIREDO)


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