|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Compadres" iam ao mesmo restaurante
DA REPORTAGEM LOCAL
Um era doleiro; o outro, chefe
da Polícia Federal. Mesmo assim
se tornaram "compadres".
Essa é a história do doleiro libanês naturalizado brasileiro Habib
Salim El Chater e do ex-diretor da
PF, atual senador e postulante ao
cargo de prefeito de São Paulo,
Romeu Tuma.
Na semana passada, a revista
"IstoÉ" trouxe trechos de supostas gravações telefônicas do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto em
que é mencionada a suposta relação de Tuma com um doleiro.
Em 1990, quando ocupava o
posto mais alto na Polícia Federal,
Tuma costumava frequentar o
restaurante Arabeske em Brasília,
de propriedade de Chake Nars.
No mesmo local, funcionava,
sem muito disfarce, na sobreloja,
uma banca ilegal de compra de
venda de dólares.
A proximidade de Tuma com
Chake Nars fez com que o então
diretor da PF se tornasse padrinho de casamento do irmão do
doleiro, Khaleb Nars. A noiva era
Kátia El Chater, filha de Habib Salim El Chater.
O casamento aconteceu em
agosto de 1990. Dois meses antes,
o pai da noiva comprara US$ 200
mil sem saber que o dinheiro era
falso. A PF só foi abrir inquérito
para investigar o caso em novembro, três meses após o casamento.
A Folha apurou que, mesmo
antes de a PF entrar oficialmente
no caso, um delegado do órgão
chegou a investigar o assunto informalmente, a pedido de El Chater. O "compadre" de Tuma já
atuou legalmente no negócio de
compra de venda de dólares, mas
perdeu a licença do Banco Central
devido a irregularidades nas transações. Depois disso, ele partiu
para o ramo do câmbio negro,
tornando-se um dos doleiros
mais conhecidos da capital.
Na mesma época em que a PF
investigava a compra de dólares
falsos por parte de El Chater, o doleiro se envolveu em outro caso de
polícia. O "compadre" de Tuma e
o filho -Carlos El Chater- foram presos em flagrante por
agentes da PF, sendo apreendidos
US$ 29 mil, um revólver calibre 38
e Cr$ 1 milhão, a moeda da época.
O doleiro e o filho foram autuados na Lei do Colarinho Branco.
Depois de dois dias de prisão, pagaram fiança e foram liberados.
(LUCAS FIGUEIREDO)
Texto Anterior: Documento liga Tuma a doleiros Próximo Texto: Outro Lado: Deputado afirma que desconhece a investigação Índice
|